O presidente Jair Bolsonaro (PL) falou publicamente pela primeira vez sobre o voto de André Mendonça, ministro do Supremo Tribunal Federal, a favor da condenção de Daniel Silveira. Nas palavras do presidente, Mendonça é “uma pessoa de princípios” e “religiosa”.
“Ele foi criticado, bastante criticado, o voto dele. Mas aos poucos o pessoal vai entendendo o que realmente aconteceu naquela sessão. Pode ter certeza, o André Mendonça é uma pessoa de princípios, uma pessoa religiosa, família, conservador. Tem uma bagagem cultural enorme.”
As declarações foram dadas em entrevista à rádio Metrópole, de Cuiabá, nesta sexta-feira, (29).
André Mendonça foi indicado por Bolsonaro ao Supremo com aval da ala conservadora, especialmente a bancada evangélica. Tanto que entre as justificativas dadas pelo presidente para a escolha do seu nome foi o fato de ele ser “terrivelmente evangélico”.
Leia também
Também durante a entrevista, Bolsonaro discorda da posição adotada por líderes evangélicos aliados de seu governo, que criticam Mendonça por não ter se juntado a Nunes Marques no voto pela absolvição. “Ele não deu inelegibilidade, ele ficou bem antes nessa questão. Seria uma alternativa para uma punição menos injusta”, declarou, defendendo a decisão de Mendonça de não ter aberto pedido de vistas, acreditando que isso somente aumentaria a tensão ao redor do processo.
PublicidadeAo contrário dos demais ministros, que votaram pela implementação de uma pena de oito anos de prisão, com perda de mandato e inelegibilidade, André Mendonça defendeu a pena de dois anos, período em que responderia em regime aberto e com manutenção de seu mandato.
Durante a entrevista, Bolsonaro ainda afirmou que a pena imposta a Daniel Silveira foi injusta, mas que considera absurda a fala do deputado no vídeo que deu início ao seu processo. “Ninguém discute que foram coisas absurdas”, completou. No vídeo em questão, Daniel Silveira havia defendido a implementação de um novo AI-5 (decreto do regime militar que suspendia liberdades civis), bem como incitado a violência contra os ministros do STF e se pronunciado pelo fechamento da Corte.
“Eu não quero peitar o supremo, dizer que sou mais importante ou que tenha mais coragem do que eles, longe disso. Agora: eu duvido que no fundo, não vou dizer todos, mas a grande maioria dos ministros entenda que houve um excesso”, completou.