A prova que faltava sobre a bandidagem de Gilmar Mendes, no exercício da sua função de juiz da Corte Suprema, com a velha cúpula do PSDB, apareceu: o habeas corpus estrambólico que ele concedeu para protelar a sentença no processo contra Paulo Vieira de Souza (Paulo Preto, ex-operador financeiro do velho PSDB), que tramita na 5ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, foi concedido a pedido do ex-senador Aloysio Nunes Ferreira Filho (PSDB-SP), que deveria ser preso imediatamente por tráfico de influência, obstrução de Justiça, formação de crime organizado, lavagem de dinheiro, corrupção e completa desmoralização do Judiciário brasileiro.
Não há mais como protelar: impeachment já! O juiz que trafica a imparcialidade do seu cargo, cedendo vassalicamente a pedidos dos seus amigos, comparsas do beneficiário do habeas corpus, amigos que o colocaram no cargo de ministro da Corte Suprema, comete vários crimes de responsabilidade, sujeitos ao impeachment, a começar pela falta de decoro e de compostura.
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Gilmar não pode ser ministro por mais um minuto sequer. Se a traficância do cargo, que joga por terra a atributo mais relevante do juiz, sua imparcialidade, não é motivo para impeachment, nada mais o será. Que o Senado desta vez admita o processamento do impeachment, por expressar o que há de mais justo e desejado pela população brasileira.
De forma acintosa, como afirmam os integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o tráfico de influência com o ministro Gilmar foi feito não por terceiros, senão por um dos delinquentes da organização criminosa (Aloysio Nunes), que recebeu de Paulo Preto, em 24/12/2007, um cartão de crédito para seus gastos pessoais, cartão esse ligado às contas bancárias compartilhadas que Paulo Preto mantinha da Suíça para o recebimento de propinas da Odebrecht, Camargo Correia e Andrade Gutierrez.
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Fala-se que tais propinas seriam crimes eleitorais. Ora, crimes eleitorais não são cometidos via contas bancárias na Suíça. Estamos diante de bandidagem pura, favoritismos, contatos privilegiados, corruptos corrompendo juízes. A magistratura não pode ser integrada por quem trafica a imparcialidade da carreira.
Nas contas compartilhadas, envolvendo a cúpula do velho PSDB, ainda se encontram R$ 132 milhões de reais, que seguramente serão repatriados. Mais de 30 lavagens de dinheiro foram praticadas, de 2007 a 2017.
A acusação de seletividade da operação Lava Jato, ao menos no que diz respeito ao Supremo Tribunal Federal, está mais que comprovada. Ainda recentemente o ministro Gilmar, para mostrar sua fidelidade e conivência vassálica com o grupo delinquente organizado do velho PSDB, começou a arquivar investigações correntes desse grupo, mesmo sem pedido do Ministério Público, incluindo Aécio Neves e Aloysio Nunes. Seu voto condutor no arquivamento de uma investigação contra Aloysio Nunes foi decisivo.
Logo depois de concedido o habeas corpus em favor de Paulo Preto o advogado Santoro escreveu: “(Aloysio) você é um anjo”. Aloysio respondeu debochadamente (bem no estilo mafioso): “Nosso causídico é que é foda”. Eles se regozijam, riem na cara dos brasileiros e nada acontece. Chegou a hora do impeachment de Gilmar, que praticou o crime mais grave que juiz pode praticar: lesa magistratura. Chegou a hora da prisão de Aloysio Nunes, por obstrução da Justiça, que é um crime permanente.
O Antagonista selecionou os seguintes trechos dos diálogos divulgados pela força-tarefa da Lava Jato (conseguidos a partir do celular de Aloysio, apreendido em diligência recente):
- i) Às 18:23h do dia 10/02/2019, por meio de aplicativo de mensagem, o advogado JOSE ROBERTO FIGUEIREDO SANTORO perguntou a ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO: “Caríssimo você falou com nosso amigo.?”:
- ii) Às 19:34h e 19:35h, 11/02/2019, por aplicativo de mensagens, ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO confirmou a JOSE ROBERTO FIGUEIREDO SANTORO que havia conversado, ao que tudo indica, com o Ministro GILMAR MENDES, nos seguintes termos: “Falei. Resposta vaga: sim, já estou sabendo…”, e “Compreensível dadas as circunstâncias”.
Conclui o MPF: “Os elementos obtidos no dispositivo evidenciam que, em fevereiro de 2019, Aloysio Nunes Ferreira Filho atuou, em interesse próprio e do também investigado Paulo Vieira de Souza, junto ao Ministro Gilmar Mendes, valendo-se de relação pessoal com este, para produção de efeitos protelatórios em processo criminal em trâmite na 5ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.”