A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do Ministério Público Federal (MPF), emitiu nota nesta sexta-feira (29), repudiando os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro à imprensa no último dia 27.
Diante da repercussão de que os gastos de 2020 do governo federal com alimentos somaram mais de R$ 1,8 bilhão, Bolsonaro atacou a imprensa mais uma vez: “Vai pra puta que pariu, porra. Essa imprensa de merda, é pra enfiar no rabo de vocês, de vocês da imprensa, essas latas de leite condensado aí”.
A nota da PFDC é assinada pelo procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, e pelos procuradores da República, Mariane Oliveira e Enrico Rodrigues de Freitas, que compõem o Grupo de Trabalho Liberdades: Consciência, Crença e Expressão.
“É fundamento de nossa República o dever de transparência, em especial quanto ao uso de verbas e recursos públicos, cabendo aos gestores públicos, de qualquer nível, prestar informações claras, objetivas e precisas acerca de sua utilização”, diz o documento.
Os procuradores dizem ainda que “não bastasse a demonstração de escassa urbanidade no trato de assuntos públicos, também causa constrangimento e preocupação o fato de que referidas expressões foram alvo de apoio e celebração por outras autoridades públicas presentes ao evento”. O ataque de Bolsonaro foi efusivamente celebrado pelo presentes, entre eles o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Em menos de 60 dias, esta é a segunda vez (confira aqui) que a PFDC se posiciona contrária aos atos do presidente da República e o tratamento dispensado à imprensa.
Mais cedo um grupo de ex-procuradores e sub-procuradores pediram à Procuradoria Geral da República pedido para que o presidente Jair Bolsonaro seja denunciado pelo crime de epidemia.
> Ex-procuradores pedem que Bolsonaro seja denunciado por “crime de epidemia”