O criminalista Cezar Bittencourt, advogado de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mudou a versão dos fatos relatados à revista Veja após conversar com o atual advogado do ex-presidente, Paulo Amador da Cunha Bueno. O advogado de Mauro Cid vinha negando qualquer contato e parceria com a defesa de Bolsonaro. Porém, após ser pressionado por jornalistas da Globonews, durante o programa Estúdio i, Bittencourt assumiu ter conversado com o atual advogado do ex-presidente após a repercussão negativa da entrevista concedida por ele.
“Eu falei com ele na madrugada. Ele me ligou. E não tem nenhum problema, não sei qual é a diferença, é um grande advogado com grandes referências que me foram dadas por outro profissional. Qual é o problema? Não tenho censura não. Não tem problema nenhum. Não preciso esconder e nem revelar”, disse. O advogado minimizou a conversa, que, segundo ele, não durou mais que um minuto e não passou de uma apresentação. Por várias vezes, ele afirmou que não se lembrava do nome do colega com quem conversara.
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Bittencourt negou, porém, ter mudado sua versão. Diante dos jornalistas Andréia Sadi, Natuza Nery, Flávia Oliveira e Valdo Cruz, ele afirmou que suas declarações à Veja se referiam à negociação de um Rolex, e não às joias de maneira geral.
Durante a exibição do programa, no entanto, a revista divulgou a transcrição dos áudios da entrevista dada pelo advogado na última quarta-feira, que confirmam que ele usou a expressão joias por várias vezes na conversa com as repórteres da Veja. Na conversa com as jornalistas Laryssa Borges e Marcela Mattos, o advogado afirmou que Mauro Cid iria confessar que vendeu as joias cumprindo ordens diretas de Bolsonaro e que “isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro”. “Mas o dinheiro era do Bolsonaro”, declarou às jornalistas. Para a Globonews, no entanto, Bittencourt deu outra declaração: “Mauro Cid não negociou joias no plural, apenas o relógio”.
O advogado também mudou a versão ao levantar a hipótese, na entrevista à TV, de que a venda do Rolex pode ter sido feita a pedido de Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama. Na entrevista à Veja, ele disse que a ordem tinha sido dada pelo ex-presidente e que o dinheiro havia sido repassado a ele.
“O Cid é um assessor que cumpre ordens. A chefia falou ‘resolve o problema desse relógio’ e como bom assessor foi lá e resolveu. Ele por si mesmo não tinha interesse em vender o Rolex. Não estou dizendo que foi o Bolsonaro. Pode ter sido a primeira-dama. O Cid tinha acesso a conta da Michelle, também fazia compras e transferências para ela”, disse o advogado nesta sexta-feira à Globonews.
PublicidadeA Polícia Federal investiga um possível esquema envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel; o tenente Osmar Crivelatti, também ex-ajudante de ordens; e Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro e o ex-presidente Bolsonaro.
O grupo é acusado de desviar e vender presentes recebidos por Bolsonaro como chefe de Estado – e, consequentemente, pertencentes à União. Os bens foram levados aos Estados Unidos, via avião presidencial, para serem vendidos em lojas especializadas em artigos de luxo.