A deputada Carla Zambelli (PSL), uma das principais entusiastas das manifestações do dia 15 no Congresso Nacional, informou ao Congresso em Foco que vai pedir ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, um parecer sobre os riscos de transmissão do coronavírus durante os atos.
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A deputada diz acreditar que ainda não seja necessário cancelar as manifestações por causa da Covid-19 no Brasil, mas destacou que existe essa preocupação com a propagação do vírus nos atos.
A ação da deputada tem repercussões políticas. Alguns ministros tentam convencer o presidente Jair Bolsonaro a desmobilizar os atos governistas convocados para domingo. Com o pedido, Zambelli deixa Mandetta em uma saia justa. Se ele der um parecer pela realização da manifestação pode contrariar as recomendações que vêm sendo dadas pelo próprio ministério; se disser o contrário e sugerir o cancelamento dos atos, pode jogar contra o os interesses do Palácio do Planalto.
Deputada estadual em São Paulo, Janaína Paschoal também comentou o assunto e defendeu a tese de alguns ministros, que enxergam a o vírus como uma chance de recuar das manifestações e com isso acalmar o cenário político.
O Presidente e seus seguidores já têm o motivo para desconvocar o tal ato de 15/03. Com toda sua liderança, ele pode pedir o cancelamento, para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, que acaba de chegar ao Brasil. O pedido do Presidente será recebido como uma ordem.
Publicidade— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) February 26, 2020
As manifestações
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passaram a convocar o ato em defesa do presidente para o dia 15 de março após as declarações do ministro general Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) de que o Congresso estaria chantageando o Planalto.
Em uma conversa privada com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Governo), a respeito do orçamento impositivo, Heleno disse: “Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se”.
Desde então, o tom de convocação da manifestação tem sido de fortes críticas ao parlamento, com ataques pessoais a Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) e ofensivas institucionais contra a Câmara e o Senado. Em linhas gerais, as convocações do ato defendem que o parlamento tem agido contra as tentativas do Planalto de implementar projetos benéficos ao Brasil.
No sábado (7), em Boa Vista (RR), o próprio presidente Jair Bolsonaro convocou a população para participar dos atos. “Dia 15 agora, num movimento de rua espontâneo. E o político que tem medo de movimento de rua não serve para ser político. Então participem. Não é um movimento contra o Congresso, contra o Judiciário. É um movimento pró-Brasil. É um movimento que quer mostrar para todos nós, presidente, poder Executivo, Legislativo, Judiciário, que quem dá o norte para o Brasil é a população”, afirmou, diante de uma plateia composta por diversos militares.