Produtores de conteúdo ligados ao bolsonarismo e que participaram ativamente de atos antidemocráticos deste ano se valeram de informações privilegiadas de dentro do Palácio do Planalto. Youtubers como o Terça Livre, Folha Política e Foco do Brasil têm uma convivência harmoniosa com a Presidência da República. Com faturamentos superiores a seis dígitos, estes youtubers são abastecidos por conteúdos disponibilizados por assessores do próprio governo, próximos a Jair Bolsonaro.
A denúncia está na edição de hoje (4) do jornal “O Estado de S. Paulo”, que teve acesso à íntegra do inquérito das fake news movido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria de Alexandre de Moraes e que ainda segue em sigilo.
Segundo a reportagem, a ponte entre os polemistas virtuais que pregavam a quebra do regime democrático e o Palácio do Planalto seria o servidor Tercio Arnaud, ligado ao chamado “Gabinete do Ódio”, ala de assessores presidenciais conhecida por fomentar uma guerra ideológica em nome do presidente e pelo antagonismo com a ala de militares.
A relação de proximidade entre blogueiros antidemocráticos e o governo teria se provado lucrativo – ao menos para os defensores do presidente: graças à monetização paga pelo Google por vídeos assistidos no YouTube, segundo o jornal, o Foco do Brasil teria recebido 330 mil dólares em royalties entre março de 2019 e maio de 2020, o que equivale hoje a R$ 1,7 milhão. Outros canais tiveram rendimentos na casa das dezenas de milhares de reais, com conteúdo oferecido diretamente pelo governo.
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