A senadora eleita Selma Arruda (PSL-MT) criticou a decisão de seu partido de lançar candidatura própria à presidência do Senado. Para ela, a entrada do Major Olimpio na disputa divide votos e beneficia o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que tentará voltar ao comando da Casa pela quarta vez e enfrenta resistência do presidente Jair Bolsonaro por causa de suas pendências judiciais e sua proximidade com o PT. Bolsonaro e aliados temem que o emedebista crie dificuldade para o avanço de sua pauta legislativa.
“Quanto mais pessoas estiverem concorrendo, melhor para o Renan”, afirmou ela na manhã desta sexta-feira (4) ao Congresso em Foco. Selma acredita que o PSL deveria se posicionar em um bloco partidário com força para fazer frente ao senador alagoano. Ela também se queixou de não ter sido consultada sobre a decisão, anunciada ontem pelo presidente da legenda, o deputado eleito Luciano Bivar (PE). Ela disse ainda que, se fosse de outro partido, não votaria em um candidato da mesma sigla do presidente da República.
“Nós somos um partido pequeno no Senado, ao contrário da Câmara, onde temos uma boa quantidade de deputados”, diz. Para ela, o cenário só seria favorável a uma candidatura própria no Senado se o PSL conseguisse agregar apoio de um grande bloco partidário.
O partido de Bolsonaro elegeu quatro senadores em outubro. Entre eles, o seu filho Flávio Bolsonaro (RJ). Atualmente o partido é representado na Casa pelo suplente da senadora Kátia Abreu (PDT-TO), Guaracy Silveira (PSL-TO), que exerce temporariamente o mandato desde dezembro. Ele deixou o Democracia Cristã (DC), do ex-presidenciável José Maria Eymael.
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Bloco de centro e direita
Publicidade“Eu vejo assim: se candidatura dele [Olimpio] agregasse um bloco grande que o apoie, óbvio, eu acho que pra nós seria o ideal o PSL estar à frente do Senado. Agora, não havendo esse apoio, seria você dividir.”
A senadora eleita defende a união de siglas com “identidade” alinhada ao PSL, com partidos de centro e direita. “Deveríamos deixar o Renan com o PT e o povo lá que o apoia”, acredita. “Senão, a gente não consegue aprovar as medidas que o Jair Bolsonaro precisa”, avalia.
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Selma citou os nomes de Tasso Jereissati (PSDB-CE) e de Alvaro Dias (Podemos-PR) como alternativas. “Acho que [eles] poderiam bem satisfazer a nossa necessidade de termos ali uma pessoa que não fosse do PSL. Eu, particularmente acho, e me colocando no ponto de vista de outros congressistas, não votaria [em alguém do PSL para a presidência do Senado]. Já temos um presidente que é do PSL. Não votaria no [candidato a] presidente do PSL no Senado, não votaria no candidato a presidente da Câmara do PSL”, afirma.
Juíza aposentada, a senadora de Mato Grosso nasceu no Rio Grande do Sul e tem 55 anos. Nos últimos anos ganhou notoriedade por mandar prender políticos do estado acusados de corrupção. Entre eles, o ex-governador Silval Barbosa. Por sua atuação considerada dura no enfrentamento à corrupção, ela ganhou o apelido de “Moro de Mato Grosso”, em referência ao atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ex-juiz da Operação Lava Jato em Curitiba. Por causa de ameaças de morte que já recebeu, Selma Arruda circula com proteção policial.
Candidatura do PSL
Eleito para seu primeiro mandato como senador, o hoje deputado Major Olimpio admitiu ontem que vai tentar a presidência da Casa. Até então ele hesitava em aceitar o pedido feito por Bivar. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo nessa quinta (4), o senador eleito afirmou que a candidatura não foi uma decisão sua, mas do presidente da sigla.
Até o momento, sete senadores já demonstraram interesse em concorrer à presidência da Casa, e consequentemente do Congresso: além de Renan, Tasso e Alvaro Dias, também indicam interesse em disputar o cargo os senadores Simone Tebet (MDB-MS), Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Esperidião Amin (PP-SC). Pelo menos antes da entrada de Major Olimpio no jogo, Alcolumbre era o nome preferido pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).