O governo do presidente Jair Bolsonaro exonerou Pedro José Vilar Godoy Horta do cargo de Secretário Especial Adjunto da Secretaria Especial da Cultura, comandada pela atriz Regina Duarte. O decreto foi assinado pelo ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, e publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) de sexta-feira (15).
Godoy foi uma indicação pessoal de Regina, logo que ela assumiu a pasta, em março deste ano, após um longo “noivado”, como definiu o presidente. Inicialmente, ele atuava como chefe de gabinete e depois assumiu o posto de secretário-adjunto. Ainda não foi indicado um substituto, nem por Regina nem por outros integrantes do governo.
> General Pazuello assume interinamente o comando do Ministério da Saúde
A secretária de Cultura tem encontrado dificuldade para nomear seus escolhidos dentro do órgão. No início de maio, o maestro Dante Mantovani, que havia sido demitido por ela, voltou à presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
A readmissão foi encarada negativamente pela secretária. “Que loucura isso, que loucura. Eu acho que ele está me dispensando”, disse Regina se referindo a Bolsonaro. A frase foi captada durante uma ligação telefônica feita pela reportagem da revista Crusóe à assessoria da secretária. De acordo com a reportagem, assinada por Igor Gadelha, a secretária foi “surpreendida” pela decisão. Em seguida, o governo recuou e tornou o ato sem efeito.
A exoneração do número dois da secretaria é mais um revés para Regina Duarte, atacada por integrantes do governo ligados ao escritor Olavo de Carvalho, que desde o início bombardeou a indicação da atriz para o cargo. A suspeita desse grupo é de que ela seria suscetível ao “setor de esquerda”. Sua atuação também sofreu reparos públicos do presidente nas últimas semanas, que reclamou do fato de a secretária despachar de São Paulo desde o início da pandemia.
A secretária se pronunciou neste sábado (16) no Instagram, rede social que mais utiliza, afirmando estar sendo vítima de uma “infodemia”. Ela garantiu que irá mostrar serviço: “Em breve vocês poderão ver os resultados da Cultura que quero pro meu país acontecendo, sob minha gestão”.
Na semana passada, a secretária se envolveu em mais uma polêmica ao conceder entrevista para a CNN Brasil. Regina minimizou as mortes da ditadura militar, afirmando que “tortura sempre existiu” e cantou um trecho de música símbolo do regime. Ela também minimizou as mortes pelo novo coronavírus.
Em resposta, artistas de todo país se uniram para criticar as falas da atriz e afirmaram que ela não os representa.“Fazemos parte da maioria que não aceita os ataques reiterados à arte, à ciência e à imprensa, e que não admite a destruição do setor cultural ou qualquer ameaça à liberdade de expressão. Como artistas, intelectuais e produtores culturais, formamos a maioria que repudia as palavras e as atitudes de Regina Duarte como Secretária de Cultura. Ela não nos representa”, escreveram os mais de 500 artistas em carta aberta.
> Pandemia trava pauta de Guedes no Congresso. Veja a situação dos projetos