Em um documento publicado nesta segunda-feira (17) no Diário Oficial da União, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), ligada ao Ministério da Saúde, passou a contraindicar o uso de medicamentos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro contra a covid-19 em casos em que o paciente esteja internado. Pela primeira vez, um órgão da administração pública federal passou a contrariar o presidente e não recomendar o uso de cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e outros.
O texto está em consulta pública no site da Comissão e, se aprovado, passará a ter efetividade no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Leia a íntegra do relatório:
Logo na página 12, o relatório é categórico em relação ao uso do coquetel: “Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente”, indicou. “A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população.”
O texto, em suas conclusões finais, indica que “durante epidemias, quando não há tratamentos clínicos com efetividade consolidada, há tendência ao uso de medicamentos baseado em resultados de estudos pré-clínicos, ou tendo por base estudos observacionais com limitações importantes.”
O Relatório de Recomendação do Conitec vem mais de um ano depois dos primeiros casos de covid-19 no Brasil, que já tirou a vida de mais de 436 mil pessoas. Apesar da indicação de que os remédios são ineficazes ao tratamento da doença e acarretar outros problemas, tais como crises hepáticas–o presidente Jair Bolsonaro não deixou de comemorar o uso dos medicamentos, que passou a ser venerado pela sua base apoiadora.
Em seu depoimento na CPI da Covid, há duas semanas, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evitou dizer se concordava ou não com o uso dos medicamentos como “tratamento precoce” à doença. “Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec”, disse Queiroga, na ocasião.
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