Cumprindo agenda oficial em Portugal desde a última sexta-feira (21), o presidente Lula voltou a criticar a taxa de juros em vigor no país. Durante um fórum com investidores na cidade de Matosinhos, nesta segunda-feira (24), o presidente afirmou que “a nossa taxa de juros é muito alta” e isso atrapalha as atividades econômicas.
“Nós temos um problema no Brasil, primeiro-ministro, que Portugal não sei se tem. É que a nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é referencial, está em 13,75%. Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém. E não existe dinheiro mais barato”, afirmou Lula.
O presidente defendeu uma redução nos juros para estimular o crédito e que é preciso incluir os mais pobres na economia. “Porque quando eles [pobres] virarem consumidores, vão comprar. Quando eles comprarem, o comércio vai vender. Quando o comércio vender, vai gerar emprego, vai comprar mais produto na fábrica. Mais emprego vai gerar mais salário, é a coisa mais normal de uma roda gigante da economia”, destacou.
Atualmente, a taxa de juros básica (Selic) está em 13,75% ao ano, maior patamar desde 2017. Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por 12 aumentos consecutivos na taxa, que saiu de 2% ao ano para o percentual atual. Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o alto valor da Selic é para controlar a inflação no país.
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Desde que assumiu o seu terceiro mandato, Lula já criticou a taxa de juros e o presidente do BC em diversas ocasiões. Recentemente, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se uniu ao presidente e pediu publicamente a redução da taxa de juros.
Nesta terça-feira (25), Campos Neto deverá comparecer a uma sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal para explicar os motivos para manter a taxa de juros tão elevada. A audiência estava prevista para ocorrer no dia 4 de abril, mas foi cancelada.
Na época, o presidente da CAE, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), afirmou que a ida de Campos Neto ao Senado ajudaria a encerrar as críticas públicas de Lula à entidade financeira. “Acreditamos que essa audiência na CAE pode ajudar a cessar essas críticas, por isso vamos abrir espaço para ouvir dele quais as razões que mantêm os juros em 13,75%, pois confiamos na sua capacidade técnica frente ao Banco Central”, afirmou Vanderlan ao Congresso em Foco.