O presidente Lula (PT) se reuniu nesta segunda-feira (10) com seus ministros para debater e fazer um balanço das ações dos primeiros 100 dias de seu terceiro mandato. O encontro estava previsto para começar às 10h, no Palácio do Planalto, mas só começou por volta das 11h10. O presidente exaltou e agradeceu o trabalho realizado por seus ministros, mas destacou que ainda precisam “trabalhar muito mais” para resolver os problemas do país.
Primeiro a falar, o ministro chefe da casa Civil, Rui Costa, agradeceu o trabalho realizado pelos demais ministros nos primeiros 100 dias de governo. “O Brasil voltou, voltou a ter governo, gestão pública, cuidado com as pessoas. Voltou a fazer planejamento. A imprensa voltou a ter conteúdo, não mais passeios de lancha e sim discutir os problemas reais do povo brasileiro”, afirmou Costa.
Em seu discurso, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que Lula está “sendo absolutamente fiel ao que falou durante a campanha”. “Lula salvou a democracia. Houve uma tentativa de golpe e a democracia saiu fortalecida por conta da rápida reação do próprio governo”, destacou Alckmin. Segundo o vice-presidente, voltou para a união e reconstrução, estimulando a participação civil e “ouvindo mais para errar menos”.
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Ao se dirigir aos seus ministros, Lula destacou que não realizou eventos de cem dias de governo em seus dois primeiros mandatos. Segundo o presidente, isso não foi necessário pois, em 2003, “recebeu o governo de um presidente democrata”. “Um companheiro que tinha uma história de luta pela democracia, pelos direitos humanos… uma marca de sensibilidade que o último presidente não tem”, afirmou. Lula relembrou os atos golpistas do dia 8 de janeiro, classificando o dia como “uma tentativa de golpe feita com a maior insensatez por um grupo de fascistas de extrema-direita que não queria deixar o poder e acatar o resultado eleitoral”.
O presidente reforçou promessas de campanha, como a realização da reforma tributária, a retomada de obras paradas, o financiamento de pesquisas para novos combustíveis renováveis pela Petrobras, o compromisso de levar internet de alta velocidade para as escolas e postos de saúde, a finalização da Integração do rio São Francisco e a ampliação de investimentos para promover melhorias nas condições de habitação em favelas e palafitas.
“Cada ministra e ministro aqui presente, com suas equipes, merecem o reconhecimento pela entrega em tão pouco tempo. Mas a mensagem principal é a seguinte: se preparem, pois temos de trabalhar muito mais. Quero que vocês façam parte da geração que resolveu os problemas do país”, concluiu Lula.
PublicidadeSegundo um balanço divulgado pelo Planalto nesta segunda, o governo federal já implementou 250 “realizações” no primeiro trimestre deste ano. Entre os destaques, estão a retomada do Bolsa Família com o valor mínimo de R$ 600; a volta do programa Minha Casa, Minha Vida, focado na faixa de pessoas em situação de vulnerabilidade; o reajuste de até 200% nas bolsas de estudo, pesquisa e formação de professores e estudantes; e ações sociais para combater o racismo e promover a equidade entre homens e mulheres.
Em um café da manhã com jornalistas na última quinta-feira (6), Lula afirmou que sua maior prioridade agora será a retomada da economia. “Minha obsessão nos primeiros cem dias era retomar as políticas sociais. Agora, a obsessão será a retomada do crescimento”, afirmou o presidente. “Estou satisfeito com os primeiros cem dias. Não esperava que se recolocasse o avião no ar com tanta rapidez”, destacou.
Pesquisa do instituto Datafolha divulgada no início do mês apontou que a aprovação de Lula estava em 38% após três meses da sua posse. Em 2003, ao final do primeiro trimestre do seu primeiro governo, Lula tinha 43% de aprovação e apenas 10% de reprovação. Em 2007, o percentual de ótimo ou bom era ainda maior: 47%, contra 14% de ruim ou péssimo.
Lula chega a chega a 100 dias do seu terceiro mandato em meio a uma crise instalada no Legislativo entre os presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cujas incertezas derramadas sobre a política fazem o governo derrapar até mesmo em ações classificadas como simples, como é o trâmite das medidas provisórias (MPs).
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