O ministro da economia, Paulo Guedes, comparou o aumento observado desde 2018 no número de focos de incêndio na Amazônia ao incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris, ocorrido em 2019. A comparação, feita durante uma palestra para o Encontro Anual da Indústria Química, o foi resposta do ministro aos franceses com relação à política ambiental da atual gestão.
“Conversando com o ministro das finanças deles, eles diziam ‘ah, mas vocês estão queimando a Amazônia’. Eu perguntei: ‘vocês estão queimando Notre-Dame ou vocês não conseguiram proteger Notre-Dame quando ela foi queimada?’. Se vocês estão tendo dificuldade para proteger um quarteirão, imagine proteger uma área que é maior do que a Europa. É evidente que não queremos queimar”, declarou o ministro.
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De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), a Amazônia perdeu 8% de suas florestas públicas para o desmatamento. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, o bioma perdeu 13.200 km² de sua vegetação segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A grilagem é, de acordo com o IPAM, o principal responsável pelo desmatamento na floresta, com 75% da área desmatada utilizada para pasto. Já a igreja, situada no centro da capital francesa, tem 5.500 m², ou 0,0055 km².
O incêndio ocorrido em 2019 na catedral parisiense, ao contrário do que Guedes procurou levar a entender, não se deve a razões criminosas. As hipóteses levantadas por autoridades francesas para descobrir a origem do fogo relacionam o incêndio a falhas em seu projeto de restauração: as principais delas sendo uma falha elétrica ou uma bituca de cigarro mal apagado deixado por acidente por um funcionário.
O argumento apresentado por Guedes foi para tentar convencer a França a abrir mão de se opor à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para o ministro, a resistência dos franceses à participação brasileira no bloco se deve ao “protecionismo francês de sempre, protegendo a agricultura menos eficiente deles contra a agricultura e o agronegócio brasileiros”.
PublicidadeGuedes também afirmou ter planos para alinhar a política ambiental aos interesses da OCDE. “Nós vamos atacar [o desmatamento], estamos atacando. Fizemos um programa de crescimento verde, vamos gastar mais de US$1bilhão para proteger o desmatamento, para criar programas de sustentação de energia verde na região. Estamos fazendo o que é possível, estamos lutando por um futuro melhor e esperamos ser compreendidos”, relatou.
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