Durante os doze primeiros dias do mês de novembro, líderes de todas as grandes democracias do mundo representaram seus países durante as negociações e debates da COP26. Apenas um não compareceu: Jair Bolsonaro, que, em gesto semelhante a ditadores como Vladimir Putin e Xi Jinping, deixou a participação brasileira a cargo de seus ministros. O vácuo deixado pelo presidente, de acordo com o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), foi preenchido pelas lideranças estaduais.
“Uma coisa que chamou muito a atenção foi a presença de muitos prefeitos, muitos governadores, muitos empresários e representantes da sociedade civil participando ativamente in loco na COP26”, declarou o deputado, coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista e membro da comitiva de parlamentares presentes na conferência.
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O interesse dos representantes de entidades federativas, para o deputado, se deve justamente à falta de ação do Governo Federal. “O governo tirou o corpo fora. Bolsonaro não foi, Mourão não foi e passamos uma semana inteira sem o ministro do meio ambiente. Com isso, os governadores se apoderaram da conferência, porque todo mundo entende que esse é o tema mais importante que a gente tem hoje”, afirmou.
Rodrigo Agostinho acrescenta que a busca por investimentos foi o principal interesse dos governadores na COP26, e considera negativa a ausência do Governo Federal nesse processo. “Os governadores pensaram que ‘se os doadores não querem mandar dinheiro para o governo, então que mandem para nós’. Mas também não é assim que as coisas funcionam. O Brasil é visto como uma das maiores economias do mundo, esse dinheiro não é doação e sim investimento ambiental”, alertou.
Presente também à COP26, a deputada Tátaba Amaral (PSB-SP) teve impressão semelhante. “Tivemos uma delegação paralela à oficial no encontro, com muitas conversas entre governadores, empresários e parlamentares”, disse ela ao Insider. Para Tábata, o grande erro do governo na sua agenda econômica é não perceber que grande parte do empresariado começa a reunir as preocupações ambientais nos negócios que procura fechar, na contramão da forma como pensa e age a gestão Jair Bolsonaro.
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