Joelson Meira *
O arquipélago de Colón, parte do Equador, ali no Oceano Pacífico, brinda os humanos com surpreendente biodiversidade em dezenas de ilhas, fauna exuberante, alheio a métodos ortodoxos ou heterodoxos, controles cambiais, garroteamento da economia em variadas formas dos tempos hodiernos que nos impulsionaram na década perdida e no cavalo de pau do sistema capitalista, na sua reinvenção acumulatória chamada consenso de Washington.
Galápagos nos surpreende sempre, para melhor, desde suas formações vulcânicas até a chegada de Charles Darwin em 1831, quando, mais detidamente, observou e catalogou espécies, entendeu a harmonia e a evolução, admirou-se com as condições de vida marinha e terrestre sem qualquer subordinação, fome, desigualdade ou acúmulo de riquezas em detrimento de vizinhos, coligados ou não, espécies viventes nos mesmos ambientes, respirando o mesmo ar, bebendo a mesma água, curtindo o mesmo sol e contemplando o mesmo ciclo de vida, numa seleção sofisticada, respeitosa e rica, sem sobressaltos, sacrifícios, sofrimento, miséria, pobreza ou morte prematura.
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Galápagos é a antítese da modernidade, a seleção natural que consolidou e nos brindou, definitivamente, em nosso conhecimento humano, através de Charles Darwin, com a sua obra A origem das espécies . Continua sua trajetória terrestre e marítima de beleza, harmonia, igualdade, encantamento e esperança na preservação do planeta, para todos e todas as espécies que nele habitam.
Galípolo, que acaba de alcançar a presidência do Banco Central do Brasil, ao contrário de Galápagos, vem de outra formação, alheio a vulcões, tempestades ou espécies em busca da seleção natural, suave, constante, evolutiva, de que falava Darwin.
Galípolo é homem de banco, tem um fator em sua vida muito preponderante, de perfil técnico, alheio a taxas de juros baixas se as “metas” inflacionárias não estiverem centradas nos valores do mercado.
Publicidade“Quem perde é a nação”, disse Lula com propriedade darwiniana, quando se deparou com o consenso alcançado pelo sabotador dissimulado, em votação unânime do Copom, recentemente. Em dezembro, felizmente, seguindo a lógica do cargo, bob fields estará caminhando para seu verdadeiro lugar, uma corretora ou casa de mamon, desses que habitam Wall Street ou Faria Lima, controladores da maior desigualdade social do planeta.
Galípolo foi anunciado pelo ministro Haddad. Lula tomou distância nessa fotografia sucessória, como se estivesse enxergado a famosa previsibilidade desejada, sempre, pelos donos do dinheiro, cabendo, tão somente ao ministro Haddad, a contínua marcha da satisfação geral do rentismo nacional, na alocução sempre prestativa de Míriam Leitão: autonomia, independência e decisões técnicas!!
Galápagos, nesse episódio institucional, deixou, mais uma vez, lições ao velho Lula, que se inspirou, com acerto despercebido por muitos, na lapidar síntese de Darwin, em seu precioso documento histórico.
“Nada nasce do nada. Tudo que é vivo nasce de alguma coisa.”
Viva Lula!
* Baiano de Xique-Xique, Joelson Meira é advogado, poeta e um dos criadores do movimento Poetas na Praça em Salvador, em 1979. Assessora o senador Jaques Wagner( PT-BA) no Senado Federal.
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