O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, anunciou nesta terça-feira (13) a retirada da ex-ministra Marina Silva da lista de personalidades negras da entidade. “Marina não tem contribuição relevante para a população negra do Brasil. Disputar eleições não é mérito. O ambientalismo dela vem sendo questionado e não é o foco das ações da instituição”, escreveu Sérgio Camargo no Twitter.
Nascida em um seringal no Acre, Marina Silva foi senadora da República entre 1995 e 2011 e ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008, no governo Lula. Ela fundou o partido Rede Sustentabilidade, pelo qual se lançou à Presidência da República nas últimas eleições.
Marina Silva autodeclara-se negra por conveniência política. Não é um caso isolado. Jean Willys, Talíria Petrone, David Miranda (branco) e Preta Gil também são pretos por conveniência. Posar de “vítima” e de “oprimido” rende dividendos eleitorais e, em alguns casos, financeiros.
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) October 13, 2020
A medida tomada hoje por Camargo havia sido anunciada em junho, quando ele afirmou ter determinado a revisão da lista para que “ícones da esquerda vitimista” deixassem de ser homenageados. No começo do mês, o nome da deputada federal e candidata do PT à Prefeitura do Rio, Benedita da Silva, deixou de integrar o rol de homenageados no site da fundação.
Sérgio Camargo assumiu a Fundação Palmares em janeiro de 2019. O órgão é voltado para a promoção da cultura afro-brasileira. O jornalista é conhecido pela negação reiterada do racismo estrutural no Brasil e já defendeu o fim do feriado da Consciência Negra e a extinção do movimento negro. Ele chegou a afirmar que a escravidão foi “benéfica para os descendentes” de escravizados no país.
Do mesmo partido de Marina, o senador Randolfe Rodrigues (AP) defendeu a ex-ministra afirmando que ela é reconhecida mundialmente na sua luta em defesa do meio ambiente e dos povos da floresta. “A violência dos bossais do poder não é maior que a força da sua história”, escreveu no Twitter.
Marina Silva @MarinaSilva é reconhecida mundialmente na sua luta em defesa do meio ambiente e dos povos da floresta, sua vida é exemplo a ser seguido, a violência dos bossais do poder não é maior que a força da sua história.
— Randolfe Rodrigues 🇧🇷 (@randolfeap) October 13, 2020
A senadora Eliziane Gama (MA), líder do Cidadania no Senado, classificou a decisão como “estapafúrdia, lamentável e revoltante”. Eliziane afirmou que irá apresentar um projeto de decreto legislativo, sustando todos os atos do presidente da Fundação Palmares que excluíram pessoas da lista de personalidades negras da entidade.
Vamos apresentar um projeto de decreto legislativo, sustando todos os atos do presidente da Fundação Palmares que excluíram pessoas da lista de personalidades negras da Fundação Cultural Palmares.
— Eliziane Gama (@elizianegama) October 13, 2020
A liderança da Rede repudiou a atitude da Fundação Palmares:
A Liderança da REDE repudia a saída de Marina Silva da lista de personalidades negras da Fundação Palmares. A História não se nega, é fato sua contribuição para o país. pic.twitter.com/0ZYExHvlJW
— REDE no Congresso (@REDEnoCongresso) October 13, 2020
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