O ex-presidente Lula reforçou nesta quinta-feira (23) o discurso pela saída do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à rádio O Povo/CBN, de Fortaleza, Lula disse que as instituições brasileiras deveriam reagir aos ataques antidemocráticos de Bolsonaro. “É preciso começar o ‘Fora, Bolsonaro‘ porque não é possível a gente permitir que ele destrua a democracia”, defendeu.
Segundo o petista, falta responsabilidade da parte do chefe do Executivo para conduzir o país. “Eu acredito que todo mundo que ganhe uma eleição tem o direito de governar. Mas o Bolsonaro não está governando. Ele não respeita absolutamente nada”, criticou.
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Para Lula, Bolsonaro precisa responder por apoiar movimentos pró-ditadura militar. “Eu cheguei à conclusão de que, se a gente tiver saída, não vai ser com Bolsonaro.”
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O ex-presidente considera que Bolsonaro erra ao enfrentar os governadores.
“A verdade é que o Bolsonaro não tinha condições de governar o Brasil em tempos de normalidade, quanto mais nessa crise. Ele deveria ter buscado nos governadores e nos prefeitos parceiros para coordenar essa crise, discutindo cada medida com os entes federados”, afirmou. “O problema do Bolsonaro é que ele não pensa em governar o país. Ele transformou os governadores de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Nordeste em inimigos, só porque o contrariam. Ele acha que é normal uma mãe enterrar um filho sem poder ver a cara dele? Estamos nessa situação”, emendou.
PublicidadeO petista também pediu solidariedade ao empresariado brasileiro durante o enfrentamento da pandemia de covid-19. “Os empresários precisam ter solidariedade. Querem voltar a trabalhar? Mostrem seriedade. Façam com que os trabalhadores tenham garantia de que vão ter luvas, máscaras, transporte público higienizado. As pessoas precisam entender que não estão morrendo números. São seres humanos”.
Deputados e senadores petistas que se reuniram com Lula na última terça-feira (21) anunciaram que a bancada do PT no Congresso Nacional vai subir o tom e endossar os pedidos de “fora, Bolsonaro”. Segundo a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do partido, “o governo que está aí não tem condições de coordenação política, não tem propostas para proteger o povo e a vida e não tem proposta para a economia quando a pandemia passar”.
“A bancada, diante da avaliação do quadro, está tirando como sugestão ao diretório nacional e à direção que a gente tem que elevar o tom e dizer que com esse governo não dá e, portanto, é fora. Bolsonaro”, afirmou Gleisi.
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Nos mais de 30 minutos de conversa, entretanto, os petistas não citaram a palavra impeachment e não detalharam como pretendem defender a saída de Bolsonaro do cargo, se cobrando a renúncia, pedindo impeachment ou por meio de ações judiciais.
A apresentação de um pedido de impeachment ainda divide a oposição. Até março, por exemplo, Lula dizia não ver motivos para o impedimento do presidente. Seu discurso mudou nas últimas semanas. A corrente majoritária do PT, liderada por ele, posicionou-se contra a proposta recentemente. O PDT, de Ciro Gomes, entrou ontem com uma representação contra Bolsonaro, pedindo a cassação de seu mandato.
Vários líderes da oposição, no entanto, alegam que consideram arriscado pedir o impeachment do presidente agora, por considerarem que ele ainda tem relativo apoio popular e, diante de uma população desmobilizada nas ruas devido às políticas de isolamento social, teria grande chance de sair vitorioso e, por consequência, fortalecido de todo o processo.
Lula foi solto em novembro do ano passado, após passar 580 dias preso em Curitiba, onde cumpriu um ano e sete meses pela condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá.
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