O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na manhã desta terça-feira, polarizou os debates no Twitter. Representantes de diferentes orientações políticas foram ao Twitter criticar o discurso presidencial, enquanto apoiadores e membros da base política do presidente elogiaram os temas abordados no discurso.
Na sua fala, que durou cerca de 15 minutos, o presidente defendeu o agronegócio brasileiro e afirmou que o país é “vítima de uma guerra de desinformação sobre Amazônia e Pantanal”.
No pronunciamento, Bolsonaro se eximiu de responsabilidade pelo aumento do desmatamento e das queimadas no país e pelo elevado número de mortos por covid-19, áreas em que o país tem sido contestado internacionalmente.
A ex-senadora pelo Acre e ex-candidata a presidência Marina Silva (Rede) foi ao Twitter acusar Bolsonaro de “mentiras levianas”:
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É indigno e aviltante, da dignidade institucional da instituição presidência da República do Brasil, ver o presidente Jair Bolsonaro acusando de forma leviana e mentirosa os indígenas e demais povos tradicionais pelos crimes de desmatamentos e queimadas da Amazônia.
Publicidade— Marina Silva (@MarinaSilva) September 22, 2020
O governador do estado do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) afirmou que Bolsonaro alcançou “deslealdade inédita” em discurso:
Bolsonaro começa seu discurso na ONU culpando o Judiciário, os governadores e a imprensa pelas dificuldades econômicas do Brasil. Deslealdade absurda e inédita para um Chefe de Estado.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) September 22, 2020
O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), engrossou as críticas ao pronunciamento:
BOLSONARO NA ONU: disse que o governo assistiu mais de 200 mil famílias indígenas, quando na verdade vetou água potável para povos indígenas em meio à pandemia. O presidente envergonha o Brasil diante do mundo. #BolsonaroNaONU
— Alessandro Molon 🇧🇷 (@alessandromolon) September 22, 2020
Outro dos críticos foi o deputado Marcelo Freixo, do PSOL fluminense.
O pior presidente do mundo acabou de falar na ONU que os índios que estão colocando fogo nas florestas. Bolsonaro, você é um cretino!
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) September 22, 2020
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) ironizou o discurso de Bolsonaro.
O Brasil que Bolsonaro descreveu na ONU: pic.twitter.com/ncqOpasVnb
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) September 22, 2020
O senador Humberto Costa (PT-PE) apontou como “surreal” e “ridículo”o trecho onde o presidente diz que foram concedidos quase “1000 dólares de auxílio” (R$5.444) – ressaltando que a proposta inicial do governo era de R$ 200 por mês.
É surreal assistir o que Bolsonaro fez hoje. É ridículo. Irresponsabilidade sem tamanho. O Governo que ofereceu R$ 200 para o povo falando em MIL DÓLARES de auxílio???? https://t.co/06lzWrIP1d
— Humberto Costa (@senadorhumberto) September 22, 2020
Outro que apontou a inconsistência no valor foi o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP):
Alguém sabe me dizer qual o brasileiro que recebeu esse auxílio emergencial de US$ 1.000,00 que Bolsonaro falou na ONU?? 🤔. PS: 1.000 dólares, são R$ 5.430,00.
— Randolfe Rodrigues 🇧🇷 (@randolfeap) September 22, 2020
E a vereadora do NOVO em São Paulo, Janaína Lima.
Na conferência da ONU, Bolsonaro disse que distribuiu auxílio emergencial de 1000 dólares.
U$ 1.000 = R$ 5.430
Presidente que inventa números?
Não sabia que o Ciro Gomes tinha sido eleito.
— Janaína Lima (@janainalimasp) September 22, 2020
A deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS), líder do seu partido na Câmara, ressaltou a narrativa de que Bolsonaro construiu a ideia de um auxílio menor, sendo derrotado pelo Legislativo.
Bolsonaro se gaba do Auxílio Emergencial na ONU. Precisamos lembrar SEMPRE que ele queria liberar apenas R$200 e foi DERROTADO! Lembro também que foi por uma emenda minha, aprovada pelos demais deputados, que as mulheres tiveram acesso ao duplo auxílio. #BolsonaroNaOnu pic.twitter.com/KwhkEBN3cI
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) September 22, 2020
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) definiu o discurso como uma tentativa do presidente de colocar a culpa sobre eventos no Brasil em outros atores.
Na ONU, Bolsonaro discursou mentiras e jogou a culpa de sua incompetência nos outros: culpou Supremo e a imprensa por politizarem o coronavírus. Culpou os caboclos e os índios e ainda a “campanha de desinformação” pelas queimadas. Acusou Venezuela por óleo em praias do Brasil
— Perpétua Almeida (@perpetua_acre) September 22, 2020
>Em pronunciamento, Bolsonaro ressalta narrativa sobre golpe de 1964
Entre os apoiadores do presidente e membros do Executivo, o discurso foi bem recebido. O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos, compartilhou uma foto onde o presidente assiste ao discurso com parte de seu gabinete no Palácio do Planalto.
Estão presentes na foto, além do presidente, ministros como o das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, das Comunicações, Fábio Faria, e da Economia, Paulo Guedes. Ao centro estão o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-PR). Todos estão sem máscara.
Assisti ao discurso do nosso Comandante/Presidente @jairbolsonaro na Assembleia Geral da ONU ao lado de colegas ministros e líderes do Governo. Senti um orgulho muito grande de pertencer a esse time! Brasil acima de tudo, Deus acima de todos! 🇧🇷 pic.twitter.com/tHY4SExXuj
— Ministro Luiz Ramos (@MinLuizRamos) September 22, 2020
Para o ex-líder do governo na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo (PSL-GO), o discurso foi “excelente”:
Excepcional discurso do PR @jairbolsonaro na ONU. Defendeu nossas visões e posicionamentos. Mostrou as ações do Brasil contra a COVID-19; reforçou nossa preocupação com o meio ambiente, sem desconsiderar o fator econômico.. falou de liberdade, paz, democracia.. Excelente mesmo!👏🏼
— Vítor Hugo (@MajorVitorHugo) September 22, 2020
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Filipe Martins, destacou o trecho onde o presidente citou uma chamada conta a “Cristofobia” – o que seria interpretado como uma perseguição às religiões de matriz cristã no mundo.
“Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia” — Presidente Jair Bolsonaro, em seu discurso na Assembléia Geral da ONU, denunciando a perseguição aos cristãos ao redor do mundo e chamando todas as nações à consciência
— Filipe G. Martins (@filgmartin) September 22, 2020
> Na ONU, Bolsonaro culpa índios e caboclos pelos incêndios florestais. Assista
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