A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, teria agido pessoalmente para que uma criança de dez anos não tivesse um aborto legal realizado pelas autoridades médicas. As informações são da Folha de S. Paulo, e remetem a um caso de repercussão nacional ocorrido em Recife, no mês passado.
Os planos da titular da pasta no governo Bolsonaro incluíam que a garota, que morava em São Mateus, no interior do Espírito Santo, fosse levada para Jacareí, no interior paulista, onde aguardaria o parto.
Representantes do Ministério foram até a cidade capixaba para tentar impedir que a garota, que corria risco de vida caso a gravidez fosse mantida, fosse transferida para um hospital onde pudesse abortar – a ministra teria participado das tratativas em reuniões virtuais.
A operação ministerial contou com tentativas de incentivos do Ministério ao conselho tutelar da cidade de São Mateus, na forma de carros e benesses para a sede do órgão.
Em outro momento, aponta a reportagem, quatro mulheres que se apresentaram como médicas do Hospital São Francisco de Assis, que supostamente tratariam a garota em Jacareí, apareceram na cidade, a 240km de Vitória, para pressionar a família e o conselho tutelar a autorizar a criança a ir para São Paulo, onde haveria a preparação para o parto. O hospital é ligado a Igreja Quadrangular, onde Damares já atuou como pastora.
Após uma decisão favorável da Justiça pelo aborto, a garota acabaria fazendo a operação na cidade do Recife, sob protestos de entidades religiosas e apoio de grupos sociais. A extremista Sara Geromini, que já atuou em uma secretaria de políticas à maternidade da pasta de Damares, chegou a publicar dados pessoais da criança antes da operação – as postagens foram retiradas do ar, e Sara perdeu o acesso às suas contas por violação de termos de conduta.
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