O economista Adriano Pires, indicado pelo governo federal para assumir o comando da Petrobras após o anúncio da exoneração do presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, desistiu de assumir a presidência da estatal. A decisão se deu por conta de conflito de interesses entre seu cargo na petroleira e outros empreendimentos próprios no setor.
O nome de Pires já preocupava o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU), que percebeu a incompatibilidade na função tendo em vista que este já possuía investimentos em empresas de gás e petróleo. Para assumir o cargo, seria obrigado a abrir mão desses investimentos, dedicando-se exclusivamente à gestão da Petrobras.
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A solução encontrada foi passar a propriedade dos empreendimentos ao seu filho. O MPTCU considerou que, ainda assim, permanecia o conflito de interesses. Pires, no fim, desistiu da presidência da Petrobras. Relatório interno da estatal também apontava conflito de interesse na nomeação de Rodolfo Landim para o Conselho de Administração da empresa. Ao rejeitar o convite, ele alegou que vai priorizar a gestão do clube carioca.
Em carta ao Ministério de Minas e Energia, Pires afirma reconhecer a causa do conflito de interesses, apesar de discordar do conflito em si. Confira abaixo a íntegra do documento:
Exmo Sr Bento Albuquerque
PublicidadeMinistro de Estado de Minas e Energia
Foi com muito orgulho, Senhor Ministro, que recebi seu convite para assumir a Presidência da Petrobras. Com mais de 30 anos de vida dedicados ao setor de Óleo e Gás, comecei a trabalhar as condições para cumprir a missão que me foi dada. Vi nessa missão a certeza de poder ajudar a Companhia e o País a enfrentar a atual conjuntura de turbulência e incerteza no cenário mundial.
Senti-me confiante porque constatei o alinhamento de visões em relação ao papel da Companhia neste momento.
Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da Presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo.
É por isso, Senhor Ministro, que sou obrigado a declinar de tão honroso convite. Agradeço imensamente a V.Exa e ao Senhor Presidente, Jair Messias Bolsonaro, pela confiança depositada em mim, para tão importante missão, e pela deferência e respeito com que fui tratado por V.Excias e por esse Governo.
Ao longo de minha carreira, sempre lutei pelo desenvolvimento do mercado brasileiro de Óleo e Gás. Venho defendendo publicamente a importância de regras de mercado e do aumento da competição, em prol do consumidor e da sociedade, do crescimento do País e do incentivo aos investimentos.
Para concluir, reafirmo aqui o compromisso de continuar nessa luta, que é em favor do Brasil e votos de continuado sucesso na gestão do nosso Presidente Bolsonaro em favor do povo brasileiro.
Com elevado apreço,
Adriano Pires