Desde o início do ano, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News está com os trabalhos suspensos pela pandemia de coronavírus. Além da crise sanitária, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) acredita que a aliança entre o Governo e o Centrão deve engessar o poder de investigação da comissão instaurada em 2019, com o objetivo de apurar ataques cibernéticos e disseminação de notícias falsas que possivelmente foram utilizadas como ferramenta política para influenciar nos resultados das eleições de 2018.
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O parlamentar, de uma ala do Centrão que não constitui a base governista, sinaliza que a CPMI foi criada com um forte apoio dos partidos do bloco, pelo fato de que muitos dos ataques tinham como alvo parlamentares dessas legendas. Nos últimos meses, entretanto, o presidente Jair Bolsonaro aproximou-se da maioria dos partidos do bloco, buscando construir uma base governista.
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“Como a maioria [dos partidos do Centrão] foi pro governo, eles [partidos] ficaram reféns disso. (…) Como é que a base do governo, que tem benesses do governo, vai avalizar uma CPI que vai bater na porta do gabinete do presidente? (…) Eu não tenho dúvidas, que a despeito de esforços de partidos da oposição, aquilo ali não vai dar em nada”, argumenta o parlamentar. “Acho que é uma CPI fadada a não ter resultados”, complementa.
Entre os titulares da comissão estão o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO) e atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que ocupa o cargo de vice-presidente da CPMI.
Em agosto, parlamentares bolsonaristas entraram com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a retirada do senador Ângelo Coronel (PSD-BA) e da deputada baiana Lídice da Mata (PSB) dos cargos de presidente e relatora do colegiado, sob a alegação de que eles agiam com parcialidade. O pedido foi negado pelo ministro Gilmar Mendes.
PublicidadeO deputado Nereu Crispin (PSL-RS), também titular da comissão, discorda do ponto de vista de Marcelo Ramos. Para ele, a comissão deve seguir normalmente após a pandemia, sem ser afetada pelas novas alianças do governo. “Acho que uma coisa não tem a ver com a outra. A articulação política é uma coisa, a CPI é outra. O governo precisa de articulação política para tocar os projetos, acho que não tem nada a ver uma coisa com a outra”, explica.
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