Sem postar críticas nas redes sociais desde quinta passada, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC) voltou à carga na noite dessa segunda-feira (25). Embora não tenha citado nomes, ele insinuou pelo Twitter que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer chantagear seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Carlos usou o termo para se referir ao objetivo final de quem, a exemplo de Maia, quer que o presidente use menos o Twitter. A intenção por trás desse tipo de sugestão, segundo ele, é deixar Bolsonaro “fraco e sem apoio popular” para poder “chantageá-lo”. Na semana passada, o deputado recomendou, em entrevistas, que o presidente se afaste das redes sociais para governar e articular a aprovação da reforma da Previdência.
As pessoas que querem Bolsonaro longe das redes sociais sabem que é isso que o conecta com o povo, já que não tem mídia a seu favor. Foi isso que garantiu sua eleição, inclusive. Em outras palavras, o querem fraco e sem apoio popular pois assim conseguiriam chantageá-lo.
Publicidade— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 25 de março de 2019
A mensagem foi publicada no mesmo dia em que Bolsonaro defendeu, em reunião com ministros e deputados, uma relação harmônica com o Legislativo, sobretudo com o presidente da Câmara.
>> Flavio Bolsonaro e Joice tentam conter revolta de Maia com o governo
PublicidadeProvocação
Carlos irritou Maia na semana passada ao sugerir que ele não tinha interesse em combater a corrupção, ao citar a decisão do deputado de postergar a tramitação do projeto anticrime apresentado pelo ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública). O vereador defendeu o ministro depois das críticas dirigidas a ele pelo presidente da Câmara na última quarta-feira. Na quinta, após a prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco, Carlos foi ao Instagram perguntar por que Maia andava tão nervoso. Moreira, que foi solto hoje, é padrasto da esposa do presidente da Câmara.
A troca de farpas entre Maia e Bolsonaro se intensificou no fim de semana. Na sexta, em entrevista ao Jornal Nacional, o deputado cobrou mais envolvimento do presidente da República com a votação da reforma da Previdência. Segundo ele, o presidente precisa “ter mais tempo para cuidar da Previdência e menos tempo cuidando do Twitter, porque senão a reforma não vai avançar”. Naquele dia, horas antes, o presidente havia dito que Maia era como uma “namorada que quer ir embora” ao comentar a ameaça do deputado de abandonar a articulação da reforma.
>> “Madrinha” de Guedes, vice-líder do governo sugere “inteligência emocional” a Maia e Bolsonaro
Crise agravada
A crise se agravou neste fim de semana. Maia considera que tem se sacrificado como articulador político, responsabilidade que, no entendimento dele, não tem sido assumida por Bolsonaro. E, mesmo assim, entende que tem sido atacado por aliados do Planalto nas redes sociais, principalmente por Carlos Bolsonaro, que cuida das redes do pai e exerce forte influência sobre os seguidores do presidente.
O presidente da Câmara chegou a dizer que o “governo não existe”, não tem projeto para o país, é um “deserto de ideias”, trabalhou contra sua reeleição na Câmara e é incompetente até para formar uma base parlamentar. Além disso, cobrou liderança e protagonismo de Bolsonaro.
O presidente respondeu que a reforma da Previdência, agora, é de responsabilidade do Congresso e insinuou que Maia faz parte da “velha política”, ao apontar a histórica prática do “toma lá, dá cá” como principal motivo da insatisfação dos parlamentares. Não parou por aí. “Até perdoo o Rodrigo Maia pela situação pessoal que ele está vivendo”, disse ele, em referência à prisão do sogro do deputado.