Filho de quem o sobrenome sugere, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) voltou a polemizar nas redes sociais nesta quarta-feira (13). O herdeiro “02” do presidente Jair Bolsonaro foi ao Twitter e escreveu que o ministro da Gustavo Bebianno (secretário-geral da Presidência da República) não conversou com o presidente Jair Bolsonaro, desmentindo o auxiliar do pai. O ministro negou, em entrevista ao jornal O Globo, que tenha protagonizado crise no Palácio do Planalto em decorrência de denúncia publicada pela Folha de S.Paulo neste fim de semana, reportagem que este site reproduziu no sábado (leia mais abaixo).
Presidente interino do PSL durante a campanha presidencial vitoriosa – quando, segundo a Folha, o partido criou uma “candidata laranja” para usar R$ 400 mil de verba pública –, Bebianno garantiu que conversou com Bolsonaro, por meio de mensagens, três vezes nesta terça-feira (12).
“Não existe crise nenhuma. Só hoje falei três vezes com o presidente”, disse Bebianno ao jornal fluminense, acrescentando que a suposta conversa foi por meio de mensagens de WhatsApp.
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“Ontem estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: ‘É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido pelo [site] Antagonista'”, declarou Carlos por meio do Twtitter. Instantes depois, na mesma rede social, Carlos Bolsonaro postou outro conteúdo (veja abaixo) com um áudio encaminhado por Bolsonaro a Bebianno.
“Não há roupa suja a ser lavada! Apenas a verdade: Bolsonaro não tratou com Bebianno o assunto exposto pelo O Globo como disse que tratou”, reiterou o vereador fluminense. Na mensagem de voz em questão, o presidente se nega a conversar com seu ministro.
“Gustavo, está complicado eu conversar ainda. Então não vou falar. Não vou falar com ninguém, a não ser estritamente o essencial. Estou em fase final de exames para possível baixa hoje, tá ok? Boa sorte aí”, afirma Bolsonaro.
Não há roupa suja a ser lavada! Apenas a verdade: Bolsonaro não tratou com Bebiano o assunto exposto pelo O Globo como disse que tratou: pic.twitter.com/pJ4bkvMMGj
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 13 de fevereiro de 2019
As postagens de Carlos Bolsonaro confirmam conversas de bastidor sobre a situação de fragilidade de Bebianno no âmbito do governo. Ontem (terça, 12), o secretário-geral cancelou sua agenda oficial na parte da tarde, depois de almoço com assessores no restaurante do Palácio do Planalto. Na ocasião, recusou-se a falar com a imprensa e, à noite, reuniu-se com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Candidata fantasma
A reportagem da Folha informa que o PSL criou em Pernambuco uma “candidata laranja”, nas eleições de 2018, para ter acesso a dinheiro público. Ela recebeu R$ 400 mil do PSL durante o pleito. E apenas 274 votos do eleitorado pernambucano.
Aos 68 anos, Maria de Lourdes Paixão concorreu ao posto de deputada federal. Desconhecida do público, inclusive regionalmente, ela foi a terceira mais contemplada em todo o país com verba do PSL – nem a famosa “digital influencer” Joice Hasselmann (PSL-SP), a deputada federal recém-eleita na condição de mais votada da história (1,079 milhão de votos), ou mesmo o presidente Jair Bolsonaro foram tão beneficiados quanto Maria de Lourdes.
Segundo a reportagem assinada por Camila Mattoso, Ranier Bragon e Joana Suarez, a direção nacional do partido enviou os R$ 400 mil do fundo partidário para a conta da candidata em 3 de outubro, a quatro dias da eleição do ano passado. Naquela ocasião, Gustavo Bebianno coordenava a campanha de Bolsonaro e reverberava as falas do presidenciável a respeito de luta contra a corrupção, honestidade e nova política.
“No caso de Lourdes Paixão, a prestação de contas dela, que é secretária administrativa do PSL de Pernambuco, estado de Bivar, sustenta que ela gastou 95% desses R$ 400 mil em uma gráfica para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos, tudo às vésperas do dia que os brasileiros foram às urnas, em 7 de outubro”, diz trecho da reportagem, destacando que a candidata só teve acesso ao dinheiro três dias antes da eleição.
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