O presidente Jair Bolsonaro acredita sofrer “sobotagem” dentro do governo, o que ele diz ser culpa do “aparelhamento” de ministérios como Educação e Defesa. A declaração foi dada à revista Veja em entrevista publicada nesta sexta-feira (31).
Ele falou também de seu partido, PSL, que tem lhe dado dores de cabeça no Congresso e acabou fazendo com que ele precisasse intervir pessoalmente, na última semana, para conseguir aprovar pautas importantes para o governo.
Embora a legenda exista desde 1994, Bolsonaro classificou o PSL como um partido novo – disse que existe desde o ano passado, quando ele se filiou – e que a formação da bancada, atualmente entre as maiores da Câmara e do Senado, exigiu ujm “trabalho hercúleo”. “Fomos pegando qualquer um. E tem muita gente que entrou e acabou se elegendo com a estratégia que eu adotei na internet.”
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Ele foi questionado pela Veja sobre a possibilidade de deixar o partido, e negou. Ontem, ao participar da convenção nacional do Democratas, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, insinuou que o presidente pode voltar a se filiar ao partido. Bolsonaro integrou, em 2005, o à época PFL, hoje DEM.
“Temos um ex-filiado do PFL, do DEM, que olha para o nosso partido com imenso respeito e com olho de, quem sabe, querer voltar para casa”, disse o responsável pela articulação política com o Planalto em discurso no evento, mas em seguida afirmou: “É um sonho meu”.
Jair Bolsonaro comentou ainda as investigações que envolvem seu filho Flávio, hoje senador pelo PSL do Rio de Janeiro. “Estou chateado porque houve depósitos na conta dele, ninguém sabia disso, e ele tem de explicar isso daí”, disse, em referência à movimentação de R$,1,2 milhão. “Se alguém mexe com um filho teu, não interessa se ele está certo ou está errado, você se preocupa”.
Segundo ele, há um superdimensionamento do caso por se tratar do seu filho. O caso envolve o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabício Queiroz, com quem o presidente também mantinha relações de amizade. Fabício teve movimentações atípicas em sua conta apontadas pelo Coaf.
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E saiu em defesa do filho: “São os tais R$ 96 mil em depósitos de R$ 2 mil. O valor de R$ 2 mil é o máximo permitido para depósitos em envelope no terminal de autoatendimento da Assembleia Legislativa do Rio. Falaram que os depósitos fracionados eram para fugir do Coaf. R$ 2 mil é o limite que você pode botar no envelope. O que tem de errado nisso?”
Na entrevista, o presidente também admitiu ter sido um erro a nomeação de Ricardo Vélez Rodriguez para o Ministério da Educação e destacou ter acatado a uma indicação do escritor Olavo de Carvalho. “Errei no começo quando indiquei o Ricardo Vélez como ministro. Foi uma indicação do Olavo de Carvalho? Foi, não vou negar. Ele teve interesse, é boa pessoa. Depois liguei para ele: “Olavo, você conhecia o Vélez de onde?”. “Ah, de publicações.” “Pô, Olavo, você namorou pela internet?”, disse a ele”.
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