O presidente Jair Bolsonaro recebeu da Câmara R$ 33,7 mil de auxílio-mudança, salário extra pago pelo Congresso no início e no fim de cada legislatura para os parlamentares bancarem despesas com a transferência de cidade. O dinheiro caiu na conta de Bolsonaro em 28 de dezembro, três dias antes de ele assumir a Presidência.
Com isso, naquele mês, embora não tenha ido uma vez sequer à Câmara, ele recebeu R$ 84,3 mil brutos, somada a parcela do 13º salário. As informações são da Folha de S.Paulo.
Bolsonaro praticamente não exerceu o mandato no segundo semestre de 2018 por causa da campanha eleitoral, da recuperação do atentado em Minas Gerais e de sua eleição, que resultou no governo de transição. A Câmara deve gastar mais de R$ 34 milhões com os deputados eleitos e reeleitos apenas com esse benefício.
O presidente foi questionado pelo jornal sobre as razões do recebimento do auxílio, se considerava adequado o benefício e se ele teve algum tipo de gasto relativo a mudança nos últimos tempos, com discriminação de valores e empresas contratadas. Não houve resposta. Depois de sua eleição, Bolsonaro se hospedava na residência oficial da Granja do Torto quando vinha a Brasília para discutir a transição de governo.
De acordo com a assessoria da Câmara, só 5 dos 513 deputados renunciaram ao recebimento do benefício pago em dezembro: Bohn Gass (PT-RS), Fábio Trad (PSD-MS), Heitor Schuch (PSB-RS), Major Olímpio (PSL-SP) e Mara Gabrilli (PSDB-SP) – esses dois últimos se elegeram senadores. A assessoria confirmou o pagamento a Bolsonaro, registrado em seu contracheque de dezembro, e disse não ter havido devolução, segundo a Folha.
Presente de Natal
Candidato à reeleição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu antecipar em um mês o pagamento do auxílio-mudança, geralmente depositado em 31 de janeiro sob o argumento de que havia uma folga orçamentária nas contas de 2018. Como renunciou ao mandato em dezembro, Bolsonaro dificilmente receberia o benefício se a data original tivesse sido mantida.
Dos cinco ministros que são parlamentares, apenas Tereza Cristina (DEM-MS), da Agricultura e Pecuária, informou que abriu mão do benefício. Os deputados eleitos que não exercem mandato atualmente devem receber o auxílio em fevereiro.