O presidente Jair Bolsonaro exonerou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL). O decreto com a exoneração foi publicado na edição desta quarta-feira (6) do Diário Oficial da União. Segundo a assessoria de Marcelo, ele se afasta temporariamente do cargo para tomar posse na Câmara e voltará ao ministério em seguida.
A divulgação do decreto levantou a suspeita de que a exoneração poderia estar ligada à suspeita de que ele usou candidatas laranjas em benefício próprio em Minas Gerais, conforme revelou a Folha de S.Paulo na última segunda-feira (4). Ele era o único dos quatro ministros de Bolsonaro com mandato na Câmara que não havia sido empossado. De acordo com a assessoria, ele faltou à posse na última sexta por estar de licença médica.
Segundo a Folha, quatro candidatas do PSL em Minas Gerais receberam R$ 279 mil do comando nacional do partido, por indicação de Marcelo Álvaro Antônio, para disputar a eleição. Ele é o presidente do diretório partidário em Minas. Do total, R$ 85 mil foram destinados oficialmente a empresas de assessores, parentes ou sócios de assessores do ministro, de acordo com a reportagem.
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Mesmo figurando entre os 20 candidatos do PSL que mais receberam dinheiro público, essas quatro mulheres tiveram desempenho insignificante: juntas, receberam cerca de 2 mil votos, o que reforça a suspeita de que suas candidaturas tenham sido de fachada.
O ministro nega as acusações e diz que a distribuição do fundo partidário do PSL em Minas Gerais cumpriu as exigências legais. No Twitter, ele escreveu que era “alvo de uma matéria que deturpa os fatos e traz denúncias vazias”. O vice-presidente Hamilton Mourão classificou como grave a denúncia.
Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha, a professora aposentada Cleuzenir Barbosa, que concorreu a uma vaga como deputada estadual pelo PSL-MG, diz ter sido ameaçada por dois assessores do ministro do Turismo.
Ela afirmou que pediu asilo político para o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) de Portugal. “Não viria pra cá [Portugal] assim rapidamente se não fosse para poupar a nossa vida”, declara Cleuzenir.
Em dezembro, a candidata contou ao Ministério Público que foi coagida por dois assessores de Marcelo Álvaro Antônio a devolver R$ 50 mil dos R$ 60 mil de verba pública de campanha que havia recebido do PSL. O político mineiro diz que jamais fez ou autorizou alguém a fazer pressão contra candidatos.
Batizado como Marcelo Henrique Teixeira Dias, o mineiro usa na política nome que remete ao pai, o ex-deputado Álvaro Antônio, falecido em 2003.
Metade do ministério de Bolsonaro vem de família de políticos ou militares