A base bolsonarista tem insistido em ataques diários à China justamente no momento em que o Ministério da Saúde busca insumos no país asiático para enfrentar o déficit de produtos médicos necessários ao combate ao covid-19. O movimento, que começou com agressões partindo de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), teve dois novos episódios recentes: um post do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a mobilização dos bolsonaristas nas redes sociais que estão pedindo, nesta segunda-feira (6), #BloqueioComercialChinesJa.
Há alguns anos, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Segundo dados do Ministério da Economia, no ano passado o país asiático importou US$ 63,4 bilhões em produtos do Brasil, o que representa 28% de todas as exportações brasileiras. O Brasil, por sua vez, importou US$ 35,2 bilhões da China no ano passado.
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O ministro da Educação publicou um tuíte no último sábado (4) com uma imagem da Turma da Mônica dando a entender que a China sairia fortalecida da crise causada pelo novo coronavírus. “Geopolíticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, dizia a mensagem, que não está mais no ar.
A postagem, fazendo chacota e ridicularizando a China, ensejou uma dura resposta da embaixada do país asiático.
“Em 5 de abril, o ministro da Educação do Brasil, Abraham Weintraub, ignorando a posição defendida pela parte chinesa em diversas gestões, fez declarações difamatórias contra a China em redes sociais, estigmatizando a China ao associar a origem da Covid-19 ao país. Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que tem cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil. O lado chinês manifesta forte indignação e repúdio a esse tipo de atitude”, disse a embaixada em nota.
O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, também se manifestou no Twitter dizendo que o país aguarda uma declaração oficial do lado brasileiro sobre as palavras feitas pelo ministro da Educação. “Nós somos cientes de que nossos povos estão do mesmo lado ao resistir às palavras racistas e salvaguardar nossa amizade”, afirmou Wanming.
O lado chinês aguarda uma declaração oficial do lado brasileiro sobre as palavras feitas pelo min. da educação, membro do governo brasileiro. Nós somos cientes de que nossos povos estão do mesmo lado ao resistir às palavras racistas e salvaguardar nossa amizade. @ItamaratyGovBr https://t.co/etYsXA48yw
— Yang Wanming (@WanmingYang) April 6, 2020
Em entrevista nesta manhã à Rádio Bandeirantes, Weintraub disse que a mensagem “foi uma brincadeira leve em cima de uma indignação”. Ele disse que não pediu desculpas pela postagem, apenas retirou para atender a um pedido de um colega.
“Não foi o presidente [o autor do pedido]. Foi um colega meu que pediu. ‘Abraão, vai me atrapalhar aqui…’. Sem problemas, eu tiro”, disse ele.
O ministro afirmou, ainda que pedirá desculpas de joelhos à China se o país asiático fornecer mil respiradores ao Brasil pelo preço de custo.
Importação de testes rápidos
Segundo o jornal O Globo, foi negociada compra de 3 milhões de testes rápidos de uma empresa da China, 1 milhão de outra dos Estados Unidos e 1 milhão de uma fabricante da Coreia do Sul. Os kits passarão por um processo de validação por especialistas antes de serem colocados em circulação.
A China é hoje o principal produtor de equipamentos e acessórios de proteção pessoal destinados ao combate do covid-19.
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