Desde que a crise no PSL se acirrou e houve um racha público entre a ala fiel a Jair Bolsonaro e a de Luciano Bivar, deputados mais bolsonaristas não estão sendo incluídos nos comunicados do partido e nem sabendo quando e onde haverá reuniões, como por exemplo a convenção do PSL da última sexta-feira (18). “Estamos sabendo de tudo pela mídia”, se queixou uma parlamentar bolsonarista ao Congresso em Foco.
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Ainda na terça-feira (15), pouco antes do líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), afirmar que o presidente Bolsonaro estava articulando para derruba-lo do cargo, o líder do partido no Senado, Major Olimpio (SP), disse em coletiva que todos os parlamentares filiados ao PSL sabiam da reunião que havia acontecido naquela tarde e “foi quem quis”. Segundo as afirmações de membros do partido, a reunião foi convocada em um grupo de Whatsapp onde estariam todos os parlamentares da agremiação. Deputados bolsonaristas negam que estejam nesse grupo.
Já na quarta-feira (16) a até então líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), deu uma declaração diferente para as novas reuniões que estavam acontecendo. Pouco antes de ser destituída do cargo de liderança ela afirmou em coletiva de imprensa que a reunião foi “espontânea”, e que as pessoas foram chegando até a liderança do partido na Câmara e chamando outros parlamentares.
Tanto na primeira ocasião, quanto na segunda, deputados bolsonaristas foram mantidos isolados e afirmam que só souberam dos encontros após veiculação na mídia.
Contrariando esse discurso, a senadora senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) afirmou que todos foram avisados da reunião com antecedência, através de um grupo de Whatsapp. Ela diz que também enviou mensagem privada para os ministros do governo durante a reunião, para avisa-los que estava acontecendo o encontro e do que estava sendo tratado.
“Eu mandei uma mensagem, entrei em contato com o ministro [Luiz Eduardo] Ramos [da Secretaria de Governo] e com o ministro Jorge [Oliveira, Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República], dizendo que nós estávamos reunidos e fotografei os documentos e as pessoas que estavam lá. Mandei o que estava sendo votado. Avisei todo mundo lá, ‘estou falando com os dois ministros e pedindo a eles para que interferissem para que a gente consiga uma conciliação'”, afirmou Soraya.
“Nenhum parlamentar foi impedido de subir [para a convenção]. E foi aberto para os parlamentares. Todos são PSL até hoje, todos têm livre acesso ao diretório”, disse.
A senadora também revelou que durante o encontro, a deputada Carla Zambelli (SP) e Alê Silva (MG), que afirmam que ficaram sabendo da convenção pela imprensa quando já estava acontecendo, reclamaram da falta de transparência do partido. “A Carla cobrou, a Aline cobrou que não foram convocadas, mas aí foi explicado que isso aqui foi publicado no Diário Oficial, tal dia. Isso foi para o grupo”, diz Soraya.
Na chegada ao encontro Carla Zambelli falou com a imprensa e afirmou que a convenção era irregular, pois não houve notificação pessoal de todos os deputados da legenda, como manda o estatuto do partido. “Segundo o artigo 144 do estatuto, nós deveríamos ter sido chamados. O artigo diz que o relacionamento entre o partido e os detentores de mandato será sempre formalizado em contato de correspondência pessoal, que contenha a pauta, o local e a data da reunião”, disse Zambelli.
O artigo a que Carla se refere diz que o “relacionamento entre o Partido e os detentores de mandato será sempre formalizado através de correspondência escrita pessoal, que contenha a pauta, o local, a data e o horário da reunião. As deliberações tomadas na reunião serão sempre comunicadas por
escrito aos detentores de mandato”.
Deputados bolsonaristas afirmam que não fazem parte deste grupo onde estão sendo convocadas as reuniões oficiais do partido.
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