Em cerimônia realizada no Rio de Janeiro, o presidente Lula participou nesta sexta-feira (12) do lançamento da nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais bandeiras de seu governo. O mandatário assistiu acompanhado do vice-presidente Geraldo Alckmin e da ex-presidente Dilma Rousseff, criadora da versão anterior, a quem Lula chamou de “mãe do primogênito”.
O PAC anterior foi lançado em 2007, no segundo mandato de Lula, elaborado por Dilma no período em que ela assumia a chefia da Casa Civil. O modelo original destinou R$ 500 bilhões ao longo de quatro anos em diversas obras de infraestrutura no país. O novo PAC aumenta o valor para R$ 1,7 trilhões, que serão investidos até 2026, com ênfase na retomada de obras paradas e parcerias público-privadas.
De acordo com Lula, o novo PAC marca o início de seu atual governo. “Até agora, o que nós fizemos foi recuperar o que tinha desandado. Já recuperamos 42 políticas de inclusão social. O PAC é o começo do nosso terceiro mandato. A partir do PAC, o ministro vai ter que parar de ter ideia. Ministro vai ter que cumprir o que foi aprovado aqui, e trabalhar muito para que a gente possa executar esse PAC”, declarou.
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A cobrança para que sua equipe ministerial cumpra os termos do programa foi acrescida de um voto de otimismo quanto aos resultados. “Os meus ministros atuais têm uma penca de ex-governadores, que vieram muito mais afiados do que no primeiro mandato. Eles estão muito preparados, todos eles têm muita experiência”.
O presidente também chamou atenção para o processo de elaboração do novo PAC, desenhado em conjunto com os demais entes federativos. “Muito mais do que uma carteira de investimentos públicos, o novo PAC é um acordo coletivo, nascido de um amplo diálogo federativo, de muita conversa com governadores e prefeitos, para que os projetos escolhidos reflitam os anseios das populações de cada região de nosso país”.
Entre as inovações da nova versão do programa, está a prioridade por obras compatíveis com as metas de proteção ambiental do governo. Lula ressaltou esse aspecto. “Temos uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis do mundo, e vamos investir cada vez mais em energia solar, eólica, biodiesel e biomassa. (…) Aproveitaremos esta, que talvez seja a maior oportunidade histórica de nossa geração, de nos tornamos a grande potência sustentável do planeta”, anunciou.
PublicidadeLula também apontou para a importância do apoio do Poder Legislativo na execução do novo PAC. “Se hoje podemos anunciar esse novo PAC, é porque o Congresso Nacional também compreende que é necessário retomar o crescimento do país sem descuidar das contas públicas: compreensão já materializada durante a PEC da transição e que também se mostra na votação das novas regras fiscais”, afirmou.
Crítica à militância
A cerimônia foi realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a presença de todos os governadores, incluindo Cláudio Castro, do mesmo estado. Aliado próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Castro foi hostilizado pelos defensores de Lula no local. Foi o segundo dia seguido em que o mandatário estadual foi desrespeitado por militantes governistas, o que levou Lula a abrir o discurso cobrando o fim das hostilidades.
“A gente vai ter que aprender algumas lições. Quando nós fazemos um ato como esse, esse ato não é para nós do PT. Não é para nós do governo. Esse ato é para a sociedade brasileira. E nós temos que compor com as pessoas que fazem parte da sociedade brasileira. (…) Não é um governador ou um deputado que está aqui. É a instituição do Estado. Quem falou aqui não foi o prefeito do Rio. Foi a instituição que ele representa. (…) A gente fica muito incomodado, porque essas pessoas são nossos convidados”, desabafou.
O lançamento também contou com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a quem Lula também cobrou que seja tratado de forma amigável. “Arthur Lira é nosso adversário político desde que o PT foi fundado. Ele foi nosso adversário, e vai continuar sendo adversário. Nós temos momentos de campanha em que nós vamos nos xingar, vamos falar mal um do outro. Mas quando termina a eleição, que cada um assume seu posto, ele não está aqui como Arthur Lira. Ele está aqui como presidente de uma instituição, e o Poder Executivo precisa mais dela do que ela precisa do Poder Executivo”
Paralelamente, Lula também criticou a postura adotada pelos militantes do ex-presidente, em especial os que se envolveram com os atos golpistas de 8 de janeiro. “Nós vivemos um período muito difícil nos últimos quatro anos. A democracia nunca foi violentada como ela foi agora. Ela foi violentada do início ao fim. Desrespeito ao Congresso Nacional, desrespeito aos mandatos dos deputados, desrespeito ao Senado. (…) Houve abusos e mais abusos. Um presidente da República ficava todo dia ameaçando a Suprema Corte, e as pessoas que seguiam ele batendo panela na casa de um ministro”, relembrou.
A realidade do país vivenciada no governo Bolsonaro, de acordo com Lula, “não pode continuar existindo”. “Esse país só vai dar certo se a gente compreender que nós precisamos aprender a conviver com as pessoas que a gente não gosta. E essa pessoa não está pedindo para a gente gostar, apenas para respeitar”, exclamou.