O senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-procurador Deltan Dallagnol, que comandou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, trocaram ofensas e acusações nas redes sociais neste fim de semana. Renan chamou Deltan de “pivete” e disse que o ex-procurador tem uma “folha corrida cheia de transgressões, delitos e abusos”. O ex-procurador respondeu que não está na lista de “cupins que se alimentam da República”.
A resposta foi compartilhada pelo ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos, que ressaltou: “Nunca foi tão fácil escolher um lado”.
As discussões começaram depois que Deltan criticou o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Tribunal de Contas da União (TCU), que pediu a indisponibilidade dos bens de Moro, alegando suspeita de sonegação de impostos nos pagamentos recebidos pelo ex-juiz da empresa norte-americana Alvarez & Marsal. Em vídeo publicado nas redes, o ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba apontou irregularidades no pedido feito por Lucas Furtado.
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Veja o bate-boca entre Renan e Deltan:
Deltan Dallagnol é um pivete conhecido com uma folha corrida cheia de trangressões, delitos e abusos. Eu já o condenei 2 vezes no CNMP e na justiça. Mas isso é pouco pra ficha policial dele. Responderá e haverá de pagar pelos outros crimes que cometeu.
— Renan Calheiros (@renancalheiros) February 5, 2022
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Senador, tenho 3 coisas a lhe dizer:
1. Há políticos com uma ficha marcada por crimes, roubalheira e coronelismo. Cupins que se alimentam da República há vários anos. Não estou nesta lista, mas o povo sabe quem está.+ https://t.co/mnwrH04ewa
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) February 6, 2022
Em vídeo publicado na sexta, Deltan destacou que o Tribunal de Contas da União não atua em sonegação fiscal. “Quem atua é a Receita Federal. E, mesmo quando a Receita Federal atua, ela não sai bloqueando bens: (…) faz uma fiscalização e, se ela chegar a uma conclusão de que existe uma sonegação —e se houver algum ilícito de não pagamento— aí, sim, ela vai pedir o bloqueio”, afirmou.
Ele também disse que Furtado “está forçando a barra e atuando”, já que outro procurador foi sorteado para cuidar do caso. “O que está acontecendo não é uma perseguição ao ex-juiz federal, mas uma perseguição ao combate à corrupção, à Lava Jato”, criticou o ex-procurador, que deverá concorrer ao mandato de deputado federal em outubro pelo Podemos do Paraná.
“Tudo isso está manchando a reputação, a credibilidade do Tribunal de Contas da União, que deveria fazer um trabalho técnico e independente, seguindo o que a área técnica diz. (…) Mas não, a área política do tribunal tem feito um trabalho que tem envergonhado o tribunal e os brasileiros”, acrescentou.
Os argumentos usados por Deltan são basicamente os mesmos utilizados pela bancada do Podemos no Senado na representação entregue à Procuradoria-Geral da República, pedindo a abertura de processo contra Lucas Furtado por abuso de autoridade.
O pedido feito por Lucas Rocha Furtado na sexta-feira ocorreu três dias depois de ele ter solicitado o arquivamento do processo que investiga a relação entre o ex-juiz e o escritório norte-americano. Ele alegou que analisou “fatos novos” que demonstram a necessidade de apuração do caso pela Receita.
Furtado afirma que há inconsistência nos documentos apresentados por Moro e pela Alvarez & Marsal para comprovar a remuneração paga ao ex-ministro. Ele também quer apurar se o ex-juiz fez sua transferência de residência para os Estados Unidos por meio de uma Declaração de Saída Definitiva do País. O documento é emitido pela Receita a quem deixa o Brasil para morar fora.
A relação de Moro com a empresa dos Estados Unidos passou a ser investigada pelo TCU a pedido de políticos do PT, que apontaram suposto conflito de interesse do ex-juiz que coordenou a Operação Lava Jato. Ele foi contratado em dezembro de 2020 pela consultoria, que atua em processos de recuperação fiscal de empreiteiras atingidas pela Lava Jato. A Alvarez & Marsal recebeu R$ 42,5 milhões de diversos alvos da operação.
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