O depoimento da deputada Carla Zambelli (PL-SP) à Polícia Federal marcado para esta segunda-feira (7) foi adiado. De acordo com a defesa da parlamentar, a oitiva não ocorreu por falta de acesso “aos inquéritos policiais, procedimentos conexos e correlatos” envolvendo Zambelli.
“Não se trata de uma faculdade, mas sim de um direito da pessoa que está sendo averiguada ou intimada, conhecer todos os fatos e todas as provas — se existirem — juntadas ao processo; inobstante, seja essa pessoa deputada federal, exerça ou não cargo público ou qualquer cidadão comum”, afirmou o advogado Daniel Leon Bialski em nota oficial à imprensa.
Segundo o advogado, foi a própria repercussão de matérias da imprensa que fez com que a PF decidisse por realizar o depoimento em outro momento, o que possibilitaria o acesso aos autos do processo pela defesa.
“De forma prudente, a própria autoridade policial tomando conhecimento pela imprensa do que a defesa havia informado — que a parlamentar não falaria nada enquanto não tivesse acesso a tais documentos — determinou a redesignação do depoimento para data posterior, ainda não definida.”
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Bialski ainda acrescentou que ao saber da decisão da PF de adiar a oitiva, o advogado fez uma petição para incluir nos autos que não teve acesso ao conteúdo de nenhum dos procedimentos, formalizando o caso judicialmente.
Motivo do depoimento
A oitiva foi agendada para a parlamentar esclarecer a suposta contratação de Walter Delgatti, o hacker de Araraquara envolvido nos vazamentos que deram origem à Vaza Jato, para invadir órgãos do governo e para tentar obter dados do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O depoimento será realizado em São Paulo.
Zambelli também seria questionada sobre a reunião que promoveu entre o hacker e o ex-presidente Jair Bolsonaro para tratar sobre uma possível invasão às urnas eletrônicas. “Ela quer falar, mas eu, como advogado dela e porque não me foi fornecida vistas dos autos, a orientei a dizer que prestará todos esclarecimentos posteriormente, assim que franqueada vistas dos expedientes e procedimentos”, disse Bialski ao Congresso em Foco.
Na quarta-feira (2) da semana passada, a Polícia Federal realizou uma operação contra a deputada e o hacker Walter Delgatti Neto. Os policiais cumpriram mandado de prisão contra o chamado “hacker da Vaza Jato”, que ficou conhecido por invadir telefones de autoridades envolvidas na megaoperação, e de busca e apreensão no gabinete e no apartamento da deputada em Brasília.
Segundo a PF, a Operação 3FA tem o objetivo de esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Entre os documentos forjados, havia um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).