O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), conversou nesta sexta-feira (22) pela primeira vez com um integrante do governo sobre a reforma da Previdência. Foi convidado para um almoço pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após reclamar nunca ter sido procurado pelo Planalto para tratar da proposta de emenda à Constituição, que está no colegiado. “Parece que agora a ficha caiu”, afirmou Francischini ao Congresso em Foco.
O governo corre para colocar panos quentes e apagar incêndios por todos os lados no Congresso depois de uma semana de caos na relação com o Legislativo que culminou na saída do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), principal fiador da PEC da reforma, da articulação política em prol do texto. Ele ligou na quinta (21) para o ministro da Economia, Paulo Guedes, para avisar que estava “fora”. Francischini diz que também nunca falou sobre a PEC com Guedes. O ministro da Economia é aguardado na CCJ na próxima terça.
Leia também
Embora seja do mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, o próprio Felipe Francischini aponta graves problemas na forma como o Palácio do Planalto tem conduzido as articulações para aprovação da PEC, prioridade máxima do atual governo. “Eu esperava que eles participassem mais ativamente da condução desde o início, mas acredito que agora isso vai acontecer”.
Em seu primeiro mandato, Francischini assumiu a presidência da CCJ e já pegou a responsabilidade de uma grande votação. Havia prometido para esta semana o anúncio do deputado que vai relatar a proposta na CCJ, mas adiou para semana que vem. Ele admitiu ao Congresso em Foco que não há mais uma data formal para essa indicação. “Vou matar no peito o desgaste do adiamento e aguardar a melhora do ambiente político”.
Ele contou que o ministro Onyx prometeu para a próxima semana o início da liberação de cargos de segundo e terceiro escalão, uma demanda dos parlamentares e concluiu: “O que está em jogo agora é a governabilidade. O governo se elegeu sem muitos partidos na campanha. É natural que nessa primeira pauta de muita importância sinta esse impacto da dificuldade de coalizão na base”.
Incêndios
PublicidadeA semana foi de intenso tumulto político, apesar do almoço que reuniu os presidentes dos poderes no fim de semana para tentar acalmar os ânimos, que já estavam exaltados.
Teve mensagem do ministro da Justiça, Sérgio Moro, a Maia, cobrando-o por não acelerar a votação do pacote de segurança enviado ao Congresso. Houve ainda a edição do decreto com as normas para indicação aos cargos de segundo e terceiro escalão nos estados. Mas a gota d’água veio na quarta (21), com o projeto previdenciário dos militares, avaliado por muitas lideranças como benéfico à categoria.
Até então principal articulador da proposta na Casa, Maia tem se sentido desgastado nas negociações. A seu núcleo político mais próximo, vem declarando insatisfação com as críticas que tem recebido de bolsonaristas. E mencionou, em especial, o conhecido como 03, Carlos Bolsonaro.
Nesta sexta, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-PR), foram às redes afagar o presidente da Câmara para tentar reverter os impasses e trazê-lo de volta ao jogo.
> Com 80 dias de mandato, lua de mel acaba e Bolsonaro enfrenta seu pior momento no Congresso