Escolhido para comandar a bancada do DEM na Câmara dos Deputados em 2020, o deputado Efraim Filho (PB) defendeu que o partido tenha um diálogo maior com o governo do presidente Jair Bolsonaro. Apesar de ter três ministérios, na Câmara a sigla não se identifica como base governista.
“É preciso buscar esse ponto de equilíbrio. Temos o presidente da Câmara e do Senado, ou seja, o Poder Legislativo bem representado pelo Democratas, temos o ministro da Casa Civil, o Onyx, além da Tereza e Mandetta, na Agricultura e Saúde. Melhorar esse canal de interlocução é uma das tarefas da liderança”, disse ao Congresso em Foco.
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O deputado da Paraíba é próximo do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, com quem conviveu por 10 anos como colega de partido na Casa Legislativa.
PublicidadeRodrigo Maia
O líder do DEM disse que a sigla não defende a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara. Pelo regimento atual do Poder Legislativo é proibida a recondução dentro da mesma legislatura, mas há articulações para que as regras sejam mudadas.
“A gente trabalha com a hipótese do Rodrigo cumprir o seu mandato, a reeleição hoje não está posta como opção, alternativa, a gente não trabalha com essa hipótese. Tem vários nomes que se colocam, natural que haja especulação, mas essa matéria só vai se afunilar no segundo semestre de 2020.”, disse.
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Leia a seguir a íntegra da entrevista com o novo líder do DEM:
Congresso em Foco: defende que DEM e os partidos do Centrão, PP, PL, Solidariedade e Avante mantenham diálogo conjunto?
Efraim Filho: Acredito que o Democratas vive o papel de protagonista hoje no país. Hoje tem uma atuação muito forte na agenda do Brasil, preside a Câmara dos Deputados, o Senado, tem três ministros no governo Bolsonaro, tem o presidente o prefeito de Salvador, ACM Neto, três governadores, o de Goiás, Mato Grosso e Tocatins. Cada vez mais o Democratas está inserido no plano nacional, projeto macro, então liderar esse partido requer muito equilíbrio, serenidade no diálogo e na tomada de decisões, é isso que vamos fazer, um bom canal de interlocução com todos. Aqui na Câmara especialmente o Democratas tem estado do lado de Rodrigo Maia na condução da agenda da Câmara, que é a agenda do Brasil, ao lado de todos esses partidos aliados que você citou, a ideia é que essa parceria, esse canal de diálogo continue fluindo para que a gente possa encaminhar os assuntos que são de maior interesse.
Quais as prioridades na volta do recesso em fevereiro?
A agenda econômica é prioridade. Estamos saindo de uma 2019 que a gente começa a reverter, sair do vermelho para o azul, dos números negativos para positivos. É preciso retomar o caminho do desenvolvimento, voltar a crescer, recuperar os empregos perdidos na crise que assolou o Brasil nos últimos cinco anos. Reforma tributária e reforma administrativa na minha opinião são prioridade. Temas como acesso ao crédito, a validade do cadastro positivo, fazer a economia brasileira movimentar e gerar emprego tem que ser prioridade do país e inclusive da Câmara dos Deputados.
Tem espaço para aprovar reforma administrativa, que mexe em serviço público, em ano de eleição para prefeito?
Acredito que sim porque as eleições que envolvem a Casa principalmente são as eleições nacionais, então dá para a gente avançar. A reforma tributária é um tema positivo, diferente da própria Previdência que gerava um desgaste, a sociedade quer a tributária, um tema que gere simplificação, desburocratização, redução de carga tributária. A administrativa é a redução do Custo Brasil, hoje não conseguimos ter competitividade. Dá para buscar o equilíbrio e sim aprovar.
Mas o calendário pode ser encurtado, tem muito deputado que vai ser candidato.
O número existe, mas não acredito que seja capaz de contaminar os debates na Casa. A gente já vivenciou isso em outras legislaturas e foi possível aprovar matérias bastantes significativas. O Brasil está vindo nessa toada de crescimento, voltar a encontrar o caminho do desenvolvimento. É importante fazer essas duas medidas, a Previdência e a administrativas, para reduzir o custo estrutural do Brasil, e a tributária para apontar o Brasil para cima e fazer o país crescer.
Como será a relação do DEM com o presidente Bolsonaro? O partido tem três ministros, mas na Câmara diz que não é base.
É preciso buscar esse ponto de equilíbrio, concordo. Nós temos o presidente da Câmara e do Senado, ou seja, o Poder Legislativo bem representado pelo Democratas, temos o ministro da Casa Civil, o Onyx, além da Tereza e Mandetta, na Agricultura e Saúde. Melhorar esse canal de interlocução é uma das tarefas da liderança.
Tem alguma perspectiva de união do DEM com o PSDB para além do Congresso, também nas eleições de 2022?
O Democratas e o PSDB tem identidade de agendas em muitos pontos, de procedimentos e a ideia é fortalecer com eles esses laços. Já temos parceria importantes como no estado de São Paulo, o Democratas tem o vice-governador Rodrigo Garcia do governador João Doria. É uma parceira que tem dado certo lá e a gente espera que aqui na Câmara esses laços sejam estreitados.
Quem o DEM deve apoiar para ser o sucessor de Maia no comando da Câmara? Ele deve conseguir mudar as regras e se reeleger?
A gente trabalha com a hipótese do Rodrigo cumprir o seu mandato, a reeleição hoje não está posta como opção, alternativa, a gente não trabalha com essa hipótese. Tem que se pensar durante todo o ano de 2020 a sucessão do Rodrigo Maia. Tem vários nomes que se colocam, natural que haja especulação, mas essa matéria que só vai se afunilar no segundo semestre de 2020.
Como foi o processo para Alexandre Leite desistir de disputar a liderança do DEM?
Entendemos que a unidade e coesão do partido é o ativo mais importante. O Democratas é um partido que age em bloco, conjunto, talvez por isso tenha a presidência do Senado, da Câmara e três ministérios. É um partido que respeita muito seus quadros, houve claro liberdade para se fazer campanha, angariar apoios, esses apoios foram medidos, se encontrou que havia uma maioria sólida nesse caso ao meu lado, se reconheceu essa maioria e para evitar uma disputa que ia constranger colegas, se chegou a um consenso. Eu acredito que é uma melhor forma de proceder que outros partidos que partiram para uma disputa intensa e acabaram saindo com fraturas políticas e institucionais.
E vários outros, a gente tem vários exemplos não só deste ano. Acho que o Democratas tem acertado nessa estratégia e a prova são os espaços que temos ocupado.