A deputada federal Marília Arraes deve sacramentar sua saída do Partido dos Trabalhadores (PT) nesta sexta-feira, 25, no Recife. Menos de dois anos depois de concorrer à prefeitura do Recife pela sigla do ex-presidente Lula, ela se filia ao Solidariedade, comandado pelo deputado federal, Paulinho da Força, que em carta divulgada nesta quinta (24) anunciou: “Nosso palanque [do Solidariedade] será o do presidente Lula, em Pernambuco e no Brasil”.
Neta do ex-governador Miguel Arraes, Marília deixa o PT após ter negada legenda para disputar o Palácio do Campo das Princesas como cabeça de chapa. Apesar de aparecer à frente do candidato do PSB, o deputado federal Danilo Cabral, nas pesquisas locais, o ex-presidente Lula manteve acordo com os socialistas. Lula enxerga a aliança com o PSB – que mantém a hegemonia política em Pernambuco – como estratégica para sua vitória no estado, empurrou os planos de Marília para segundo plano.
Marília, que já foi filiada ao PSB e fez parte da militância do partido, saiu da legenda em meio a desentendimentos sobre sua candidatura à deputada federal. Em 2018, a deputada teve a candidatura ao Governo de Pernambuco rifada pela aliança do PT e PSB, que garantiu às reeleições do senador Humberto Costa (PT) e do governador Paulo Câmara (PSB). Em 2020, Marília chegou a ir ao segundo turno pelo PT na eleição para Prefeitura do Recife, perdendo a disputa para o primo João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos (também neto do ex-governador Miguel Arraes). Marília saiu com 43,73% dos votos contra 56,27% do primo.
O movimento de Marília pegou os demais pré-candidatos ao Governo de Pernambuco de surpresa. Sua possível candidatura mexe no jogo político local. Além dela e do candidato do PSB, estão no jogo o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (União Brasil), o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL), e a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB). Para evitar sua saída do PT e sua candidatura, lideranças da Frente Popular, aliança que governa o estado, tentou oferecer à Marília a vaga ao Senado na chapa de Danilo Cabral, o que não foi aceito por ela. Nesta semana, o ex-presidente Lula, em reunião com Marília, reforçou o pedido, que também não foi aceito.
Com a saída de Marília, a deputada estadual Teresa Leitão (PT) é um dos nomes do partido cotado para a vaga ao Senado ou de vice na chapa de Danilo Cabral. Nas redes sociais, Marília tem demonstrado que deve realizar uma campanha alinhada ao ex-presidente Lula (PT), o que vem incomodando os quadros do PSB. Outra carta na manga de Marília é a pré-candidatura de sua irmã Maria Arraes à Câmara Federal.
“No momento, não estamos em campanha. As regras do jogo eleitoral não estão valendo (para fazer um impedimento formal do uso de imagem de Lula). Agora, eu não vejo problema nela pedir votos a Lula. Uma coisa é ela apoiá-lo, outra é ele apoiá-la”, disse Teresa ao Congresso em Foco.
PublicidadeLeia a íntegra da nota divulgada por Paulinho da Força, presidente do Solidariedade:
“O Solidariedade não aceitará qualquer hostilidade a Marília Arraes em Pernambuco. Ela tem um partido que a defenderá. Faremos um belo lançamento do seu nome como pré-candidata a Governadora de Pernambuco nos próximos dias. Amanhã, no Recife, cumpriremos o rito solene da filiação da corajosa deputada Marilia Arraes ao Solidariedade. Temos a consciência de que estamos recebendo a história e a alma de Miguel Arraes em nossas fileiras, para cuidar politicamente da sua neta amada. Não é pouca coisa, para um partido que nasceu dos sonhos de humildes operários e trabalhadores do Brasil. Saberemos honrar as vossas tradições, Dr. Arraes; sua neta, do mesmo modo que o senhor, comandará uma nova esperança de governo contemporâneo, em Pernambuco, e no Brasil. Caminharemos com as pernambucanas e pernambucanos de boa-fé, para fazer valer o seu legado. Nosso palanque será o do presidente Lula, em Pernambuco e no Brasil. De Pernambuco, com fé em Deus nós só queremos dar boas notícias, para derrotar o fascismo e a incompetência que têm infelicitado o Brasil e Pernambuco. E a ele estará aberto até o último eleitor se manifestar nas urnas.
Por Pernambuco, pelo Brasil, Solidariedade com Lula. Solidariedade com Marília”.
Paulinho da Força
Presidente nacional do Solidariedade