O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a CPI da Covid nesta sexta-feira (7). Em tom de provocação, ele defendeu o uso da cloroquina e ivermectina, remédios sem eficácia comprovada para o tratamento de covid-19 e focos de questionamentos de senadores da comissão.
A CPI da Covid, que começou os trabalhos na terça-feira (4) e já ouviu dois ex-ministros da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, tem irritado Bolsonaro e parlamentares que fazem parte da base do governo.
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Procurado para falar sobre a manifestação do presidente, o relator da Comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse ao Congresso em Foco que não vai se pronunciar.
– Resposta aos inquisidores da CPI sobre o tratamento precoce:
1- Uns médicos receitam Cloroquina;
2- Outros a Ivermectina; e
3- O terceiro grupo (o do Mandetta), manda o infectado ir para casa e só procurar um hospital quando sentir falta de ar (para ser entubado).Publicidade— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 7, 2021
Senadores que apoiam Bolsonaro estão usando a CPI para defender o uso do remédio. Outros integrantes do colegiado, como o senador Otto Alencar (PSD-BA) e o presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), advertiram os colegas nos últimos dias.
A Senadora Simone Tebet (MDB-MT), em tom crítico, sugeriu a mudança do nome da Comissão. “CPI da Pandemia ou CPI da Cloroquina?”, disse na oitiva de ontem.
Em sua live semanal, na noite de quinta-feira (6), o presidente desconsiderou as reações adversas já anunciadas que a cloroquina pode causar, e afirmou que “nunca viu ninguém morrer” por tomar o remédio. “O povo toma cloroquina lá no Amazonas”, lembrou sem citar que o remédio na região é usado para combater a malária.
Ontem, após longa sessão da comissão, senadores aprovaram, em bloco, uma série de requerimentos. Entre os mais de 60 pedidos aprovados estão solicitações de informações de governadores de todos os estados do Nordeste.
A ofensiva de aliados do governo tem como alvo o estado de Alagoas, governado por Renan Filho, filho do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) e demais estados opositores do Executivo Federal.
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), foi o aliado ao governo federal que mais apresentou pedidos, entre eles, o parlamentar requer que sejam encaminhados pela Secretaria Estadual de Saúde do Alagoas cópia de todos os documentos relativos à “aquisição frustrada de respiradores através de contratação do Consórcio Nordeste”. Os pedidos abrangem todos os estados da região.
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