A última semana marcou uma das principais batalhas do recente governo Lula (PT) junto ao Congresso Nacional, em especial à Câmara dos Deputados. A medida provisória 1154, da reorganização dos ministérios, foi aprovada com uma série de enfraquecimentos das pastas de Meio Ambiente e Povos Indígenas . Não foram os únicos problemas. O governo tem pela frente arcabouço fiscal e reforma tributária.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu o recado: o texto da MP 1154, apesar de desacordo do governo, só foi aprovado no último dia do prazo estabelecido, o que demonstra certa insatisfação dos parlamentares com a liderança de Lula.
Os avisos de Lira vieram em vários momentos nestes últimos dias. O Congresso em Foco separou algumas das principais manifestações do presidente da Câmara, que mostram que Lira ainda deve dar muito trabalho ao governo de Lula enquanto ele for presidente a Casa.
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“O presidente Lula me ligou de manhã. Eu expliquei para ele as dificuldades que o governo tem. O problema não é da Câmara, não é do Congresso, o problema é do governo na falta ou ausência de articulação”
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Depois de conversar diretamente com o presidente da República, Lira chegou ao Congresso reclamando de falta de capacidade de articulação do governo dentro da Câmara dos Deputados, e chegou a colocar sob risco a apreciação da medida.
“Daqui para frente, o governo tem que andar com suas próprias pernas e não haverá nenhum tipo de sacrifício dos parlamentares”.
PublicidadeLula sabe que não tem uma missão simples. Tanto que precisou, ele próprio, partir para as negociações. Lira apontou os erros:
“O governo sabe e tem consciência que a acomodação política não está feita, não tem base consolidada, o líder José Guimarães (PT-CE) tem consciência disso, e convencemos nossos deputados que é importante que o governo tenha sua gestão, muito embora muitos queriam demonstrar ao governo para que participe mais da vida ativa do país”.
Apesar das conversas, Lira alertou que não houve avanços. Ao menos, da parte dele.
“Não foi feito nenhum acordo, foi muita conversa e tranquilidade para conduzir essa votação para que se chegasse um painel tão elástico”.
O presidente da Câmara avisou que “não tem condições de assumir o papel de articulador” no lugar da liderança do governo, visto que, segundo ele, seus recursos nesse sentido estão se esgotando.
“Eu não tenho mais como empenhar. O meu papel é estar conduzindo as matérias do governo, do Estado, do interesse do país. A gente tem dado o nosso máximo. É importante que as pessoas saibam que a realidade do Congresso Nacional não é a mesma. (…) Nós estamos fazendo um esforço sobre-humano para que essas coisas [medidas provisórias] tramitem”.
Nesta sexta-feira (2), durante evento de inauguração de instalações na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo, nesta sexta-feira (2), o presidente Lula (PT) pediu compreensão de seus apoiadores com as frequentes derrotas enfrentadas no Congresso Nacional desde o início de seu governo. O presidente disse que, como líder do país, precisa “conversar com quem não gosta” dele.
Lula reforçou a “correlação de forças no Congresso Nacional”, explicando que é necessário unir esforços para “recuperar o país”.
“A esquerda toda tem, no máximo, 136 votos (de deputados). Isso se ninguém faltar. Ou seja, nós, para votarmos uma coisa simples, precisamos de 257 votos. Então, de 136, façam a conta aí e vejam quantos faltam. E, para aprovar uma emenda constitucional, é maior ainda o número de deputados que nós precisamos”, afirmou.