O deputado Ivan Valente (Psol-SP) anunciou que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Julia Zanatta (PL-SC) por injúria e difamação. As ações são motivadas pelo repasse de informações feito pelos dois bolsonaristas à Embaixada dos Estados Unidos com os nomes de brasileiros que, segundo eles, apoiam o grupo extremista Hamas, em guerra com Israel.
Os processos foram anunciados por Ivan Valente em seu perfil no X (ex-Twitter). Gayer também havia publicado na rede social a lista de nomes enviados. Ele apagou os nomes logo depois, no entanto, internautas recuperaram as imagens. Para o deputado paulista, os dois parlamentares do PL cometeram crime de traição à pátria.
Entre os nomes listados por Gayer no ofício estão o do próprio Ivan Valente, o do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o do líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), e de outros congressistas, como Sâmia Bomfim (Psol-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Érika Kokay (PT-DF). O deputado do PL listou ainda organizações sociais, civis brasileiros e movimentos sociais, como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
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A lista que o senhor apagou foi essa que deputado? Recomendo que cada um busque reparação judicial. Prepara o bolso. Ah, e se dirigir, não beba. pic.twitter.com/gq2gNW7XLZ
Publicidade— 🙌 .•. (@Boscardin) October 21, 2023
“O deputado Gayer enviou à embaixada dos EUA lista de nomes, pedindo sanções, pois supostamente apoiam o Hamas, entre eles o meu. Vamos ao STF com queixa-crime por injúria e difamação, ação Civil por danos morais e Conselho de Ética”, escreveu Ivan.
O deputado do Psol também processará a deputada Julia Zanatta. A congressista também afirmou que enviaria uma lista de nomes para a embaixada dos Estados Unidos para que eles perdessem o visto para entrada no país norte-americano.
🚫 VISTO NEGADO: O Senador americano @marcorubio anunciou que estrangeiros apoiadores do grupo terrorista Hamas deverão perder o visto americano. Já estamos em contato com a Embaixada para enviar uma lista de políticos e pessoas públicas que estão apoiando e estimulando o Hamas… pic.twitter.com/qehMcvMNJv
— Júlia Zanatta (@apropriajulia) October 20, 2023
O Congresso em Foco procurou a assessoria dos dois deputados, mas ainda não houve retorno. O texto será atualizado caso resposta.
Professores pró-palestina
Em 13 de outubro, Ivan Valente acionou a Polícia Federal em outro tema relacionado ao conflito no Oriente Médio. Segundo o ofício enviado pelo deputado ao órgão, congressistas da oposição estariam se mobilizando contra professores que defendem a criação do Estado da Palestina.
“Trata-se de fato extremamente grave que configura ato preparatório de crime de ódio sendo praticado nas redes sociais e que pode resultar em ofensa à integridade e até risco à vida dos professores e professoras incluídos na referida lista”, diz o documento encaminhado por Ivan Valente à PF. Leia a íntegra do ofício.
A solução de um Estado da Palestina é defendida por diferentes organizações, dos dois lados. Tanto a Federação Árabe Palestina quanto o Instituto Brasil-Israel defendem o estabelecimento da política de dois Estados para a pacificação da região, por exemplo.
A solução de dois Estados foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, enquanto se discutia a criação de Israel. O modelo aprovado previa a partição do extinto Mandato Britânico da Palestina na forma de dois países: um de maioria judaica e outro de maioria árabe palestina e beduína, mantendo o centro de Jerusalém como uma cidade neutra.
A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro, com uma ofensiva do grupo extremista palestino. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), já são 5 mil mortos no conflito. Dessas, 3,7 mil em Gaza, outras 1,3 mil em Israel. Há ainda 1 mil pessoas debaixo de escombros, estima a ONU.