O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira (27) que a interferência do presidente Jair Bolsonaro na disputa pelo comando da Casa terá “sequelas” para qualquer lado.
“É um alerta aos deputados e deputadas de que a intenção do presidente é transformar o Parlamento num anexo do Palácio do Planalto, o que enfraquece o mandato de cada deputado e de cada deputada e principalmente o protagonismo da Câmara dos Deputados no debate com a sociedade”, disse.
Maia deu a declaração em entrevista a jornalistas quando questionado sobre a admissão de Bolsonaro, nesta quarta, de que o Planalto atua para que o deputado Artur Lira (PP-AL) vença a disputa pelo comando da Casa.
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“Viemos fazer uma reunião aí com 30 parlamentares do PSL e vamos, se Deus quiser, participar, influir na presidência da Câmara, com estes parlamentares”, disse Bolsonaro, na porta do Palácio do Alvorada, em encontro com seus apoiadores e parlamentares do PSL.
A influência ocorreria, segundo o presidente, “de modo que possamos ter um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil”.
Maia afirmou que a declaração de Bolsonaro é a prova da necessidade de que o presidente da Câmara precisa ser alguém com equilíbrio e que saiba dialogar. Essa pessoa, diz, seria seu candidato Baleia Rossi (MDB-SP).
PublicidadeVeja a fala de Rodrigo Maia:
Maia diz que, inclusive, alertou nesta terça (26) o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, das “sequelas” de o Planalto interferir na Câmara. O presidente se referiu principalmente às negociações da campanha de Lira envolvendo emendas parlamentares que, segundo Maia, seriam extra orçamentária.
“A execução do Orçamento precisa ter o mínimo de organização e de compromisso republicano”, disse, lembrando das restrições fiscais impostas pela pandemia e pela regra do teto de gastos.
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