Os senadores integrantes do grupo Muda Senado, Muda Brasil expressaram preocupação com ações e falas de autoridades direcionadas a integrantes da Operação Lava Jato. Segundo eles, as manifestações têm o objetivo de “fomentar uma narrativa política que destrua a credibilidade das operações de combate à corrupção que mudaram a face do Brasil, com especial destaque para os ataques direcionados à Operação Lava Jato”.
O grupo de senadores, formado em meados de 2019 com a promessa de renovar o modo de fazer política e defender a pauta de combate à corrupção, elogia a atuação da Força-Tarefa de Curitiba. “A impunidade histórica que reinava em nosso país transformou os poderosos numa casta intocável e imune aos rigores da lei. No entanto, a atuação da Força-Tarefa baseada em Curitiba foi o ponto fora da curva que mostrou ser possível materializar o sonho de uma nação mais justa e igualitária”, diz o texto.
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No documento, também são feitas críticas diretas ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Na última semana, o chefe do Ministério Público Federal (MPF) criticou a força-tarefa da Operação Lava Jato. “Agora é a hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure”, afirmou em transmissão ao vivo promovida pelo grupo Prerrogativas. Aras apontou que existe um “MPF do B” e argumentou que 50 mil documentos estão “invisíveis à corregedoria-geral” do Ministério Público. O PGR não disse quem oculta essas informações. Sobre a força-tarefa em Curitiba, Aras disse que “não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos, com caixas de segredos” para “chantagem e extorsão”.
Os senadores dizem que “convém ressaltar que não cabe ao Procurador Geral da República o papel de fiscalizar o trabalho dos procuradores, tendo acesso indiscriminado a todo o conteúdo de investigações em curso e violando a independência funcional desses servidores. Esse controle cabe à Corregedoria do MPF que, aliás, jamais apontou qualquer irregularidade na conduta dos integrantes da Força-Tarefa em Curitiba. Tal ingerência é inaceitável e compromete o futuro das centenas de investigações ainda em andamento.”
A crise entre a Lava Jato e a PGR vem se arrastando desde a visita feita pela subprocuradora-geral da República Lindora Araújo à força-tarefa em Curitiba, ocorrida em junho. Em resposta, a equipe da Lava Jato acionou a corregedoria do órgão e disse, em ofício, que a subprocuradora teria tentado obter acesso a informações sigilosas dos bancos de dados da operação.
“Decisões inusitadas”
O grupo de senadores também cita “decisões inusitadas” proferidas em regime de plantão no Judiciário e “fala oportunista de políticos investigados ou processados”. Os senadores são defensores da PEC da prisão após condenação em segunda instância.
O documento finaliza com uma defesa do Procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa do Paraná, cuja figura, segundo os senadores, “simboliza gigantesco e meritório esforço no efetivo combate à corrupção”. Eles alegam que estaria havendo uma perseguição a Dallagnol, com tentativas de lhe imputar condutas inadequadas.
Assinam o documento os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-ES), Alvaro Dias (Podemos-PR), Arolde de Oliveira (PSD-RJ), Eduardo Girão (Podemos-CE), Flávio Arns (Rede-PR), Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Lasier Martins (Podemos-RS), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Marcos do Val (Podemos-ES), Major Olímpio (PSL-SP), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Plínio Valério (PSDB-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Reguffe (Podemos-DF), Rodrigo Cunha (PSDB-AL) e Soraya Thronicke (PSL-MS).
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