O deputado federal Émerson Petriv, o Boca Aberta (Pros-PR), levou um soco do vereador Amauri Cardoso (PSDB), de Londrina, no último sábado (23). Imagens divulgadas na internet mostram o momento em que o vereador acerta um soco no rosto do deputado e o deixa ensanguentado. O vídeo mostra Boca Aberta seguindo o Amauri, em uma avenida da cidade, questionando-o por que havia votado a favor do aumento do IPTU na Câmara Municipal. O vereador diz ter sido provocado pelo parlamentar e que agiu em legítima defesa. Nessa madrugada a Justiça Federal descartou pedido de prisão apresentado pela defesa do deputado.
Na sequência, ainda sangrando, Boca Aberta bate boca com Amauri. Com o dedo em riste, um acusa o outro de ser covarde. O deputado pede a assessores e a um carro que passa na rua que chamem a polícia para que o agressor seja preso. Sem que isso ocorra, o vereador vai embora. Mas é seguido pelo deputado, que continua a atacá-lo.
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Um terceiro vídeo mostra Boca Aberta no chão, sendo atendido por socorristas e levado em uma ambulância para um hospital particular. A confusão ocorreu durante o intervalo para almoço de uma conferência municipal de saúde, na qual o vereador sugeriu a leitura de uma moção de repúdio a uma “blitz da saúde” feita pelo deputado federal em um hospital do município de Jataizinho, município da região de Londrina.
Boca Aberta alega que foi convidado pela organização do evento assim como outros deputados. Na saída, conforme a gravação feita por assessores, o deputado segue o vereador e o questiona por que votou a favor do aumento do IPTU na Câmara Municipal. O deputado é youtuber e conhecido por divulgar vídeos em que ataca políticos e já incomodou, inclusive, colegas da Câmara.
Os dois têm uma rixa antiga. Em 2017, Amauri votou pela cassação do mandato do então vereador Boca Aberta por quebra de decoro parlamentar. A cassação foi aprovada pelo plenário da Casa, mas ele conseguiu revertê-la na Justiça no ano passado. O deputado citou o voto do vereador durante a discussão desse sábado.
No hospital, Boca Aberta classificou a agressão como “um ato baixo, medíocre e rasteiro” e anunciou que vai processar o ex-colega. Ele afirma, ainda, que teve vários ossos e dentes quebrados.
Amauri também registrou boletim de ocorrência, alegando que foi agredido verbal e fisicamente primeiro por Boca Aberta e que agiu em legítima defesa.
Boca Aberta teve alta do Hospital do Coração nesse domingo. Mas deve voltar ainda esta semana para passar por uma cirurgia na região fraturada. Na decisão em que negou o pedido de Boca Aberta, o juiz substituto Ricardo Cagliari Bicudo sustenta que “não há indícios de que a conduta de Amauri se tipificaria como lesão corporal grave ou gravíssima”.
“Ele é pessoa notória em Londrina, possui residência fixa, ocupação certa e não pesa sobre si, até onde se tem conhecimento nestes autos, histórico delituoso que pudesse autorizar, eventualmente, a suspeita de que ato semelhante ao que motivou esta queixa-crime possa vir a se repetir”, escreveu o magistrado na decisão.
Em 2017, Boca Aberta teve o mandato de vereador cassado, após ter condenação por injúria e difamação. Segundo o juiz do caso, ele ofendeu, em vídeo, o ex-prefeito Alexandre Kireeff, em 2013.
Três candidatos que ficaram na suplência na Câmara, entre eles o ex-deputado e ex-ministro Osmar Serraglio, pediram a perda do mandato de Boca Aberta por causa da cassação. Dois desses casos já foram arquivados pelo ministro Jorge Mussi, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que argumentou que Boca Aberta tinha seus direitos políticos mantidos porque conseguiu reverter a cassação. Falta ao TSE analisar um último processo contra o deputado.