De volta aos trabalhos nesta semana, após o recesso parlamentar, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional vai entrar no debate sobre a eleição presidencial na Venezuela. Presidente do colegiado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) anunciou que vai pautar três requerimentos que solicitam explicações de autoridades brasileiras sobre a disputa eleitoral no país vizinho. Dois deles são de autoria da senadora Tereza Cristina (PP-MS). A líder do PP quer convocar o assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, e a embaixadora brasileira em Caracas, Gilvânia de Oliveira. Se esses pedidos forem aprovados, as autoridades terão que comparecer à comissão.
O terceiro requerimento que deverá ser analisado foi apresentado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI). Ele convida o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Por se tratar de um convite, se aprovado, o ministro não será obrigado a comparecer.
Renan Calheiros confirmou pelo X que vai pautar os requerimentos. A pauta da Comissão de Relações Exteriores, no entanto, ainda não foi publicada na página do Senado. O colegiado costuma se reunir às quintas-feiras pela manhã. A expectativa é de que as convocações sejam votadas no próximo dia 8. “A CRE recebeu três requerimentos de convocação de autoridades para discutir o pleito venezuelano: a embaixadora do Brasil no país, Gilvânia de Oliveira, Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira. Vou colocar todos em pauta. A total transparência é um pré-requisito para a legitimidade eleitoral.”
O presidente Lula tem defendido que sejam divulgadas as atas dos boletins eleitorais para reconhecer a reeleição de Nicolás Maduro. Por determinação do presidente, Celso Amorim esteve em Caracas com Maduro no início da semana passada. Ele, no entanto, não se reuniu com representantes da oposição, que contestam o resultado eleitoral. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela sustenta que o presidente, que está no poder desde 2013, foi reeleito com 51,9% dos votos, enquanto Edmundo González obteve 43%. A oposição alega que houve fraude e que González teve a maioria dos votos. Alguns países, liderados pelos Estados Unidos, reconheceram a vitória da oposição.
A Executiva Nacional do PT, no entanto, adiantou-se à posição do governo e já parabenizou Maduro pela reeleição. A posição, entretanto, não é endossada por setores do partido.