Rudolfo Lago
Apontado como o principal negociador do apoio dos Estados Unidos ao golpe militar de 1964, morreu neste sábado (19) o diplomata norte-americano Lincoln Gordon. O anúncio da morte de Gordon foi dado na edição desta segunda-feira (21) do jornal New York Times. Entre 1961 e 1966, Lincoln Gordon foi o embaixador dos Estados Unidos no Brasil. De seu posto, ele manteve seu país informado sobre os desdobramentos do fim do governo João Goulart, e, segundo historiadores, trabalhou o apoio americano ao golpe. Gordon, porém, sempre negou essa ajuda. O fato é que porta-aviões e outros navios e soldados americanos chegaram a ficar perto da costa brasileira em 1964 para entrar em ação caso os golpistas brasileiros precisassem de ajuda.
Apesar das negativas de Gordon, há um documento, revelado pelo programa Fantástico da TV Globo em 2006, em que Gordon dava subsídios ao governo americano para intervir no Brasil e dar ajuda militar caso isso fosse necessário. O documento tem o título de “Um plano de contingência para o Brasil”. O texto falava do clima de instabilidade política no Brasil naquela época. Dizia que havia o risco de um golpe de esquerda no Brasil, com a adoção de um governo comunista, com o apoio da União Soviética ou de Cuba. Contra esse risco é que se deveria apoiar um outro golpe, do que Gordon chama de “forças construtivas”. Nessa hipótese, Goulart seria deposto e, em seu lugar, assumiria o presidente da Câmara, Ranieri Mazilli, para dar posse a uma tomada temporária do poder pelos militares.
Gordon, no entanto, sempre insistiu que a participação do governo americano no golpe militar brasileiro teria sido praticamente nula. Ele admitia, porém, que o governo americano teria ajudado financeiramente setores contrários a João Goulart nas eleições de 1962.Lincoln Gordon tinha 96 anos, e morreu em Washington, de insuficiência respiratória.
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