Na sua campanha, Tiririca confessava na propaganda eleitoral não saber o que fazia um deputado federal. E convidava o eleitor a votar nele, porque, uma vez eleito, então ele poderia contar como é. Na edição número 2 da Revista Congresso em Foco, que acaba de sair, Tiririca, em perfil e entrevista exclusivas, assinadas pelo editor Edson Sardinha, conta o que está fazendo como deputado.
E, segundo o seu depoimento e de vários representantes do universo circense, verifica-se que Tiririca encontrou um nicho importante para o seu trabalho: ele se tornou o principal representante do circo no Legislativo. “Pela primeira vez, temos um gabinete completamente aberto para nós. O Tiririca é uma bela surpresa que caiu do céu”, diz Alice Viveiros de Castro, representante do circo no Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura.
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“Eu saí do circo. Mas o circo não saiu de mim. Devo tudo a ele”, disse Tiririca, que trabalhou muitos anos como palhaço de circo, à Revista Congresso em Foco.
Ensina um ditado popular que “alegria de palhaço é ver o circo pegar fogo”. Para Francisco Everardo Silva (este e o nome de Tiririca), porém, essa foi a maior tristeza de sua vida. Um dia, uma macaca do circo mordeu a mão de uma criança, filha de um poderoso coronel da cidade em que o circo se apresentava. Como vingança, o coronel tocou fogo na lona do circo. Se a tragédia, porém, fez Francisco Everardo Silva perder seu circo, foi ali que o país começou a ganhar um artista popular que, a partir deste mandato de deputado federal, envereda pela política. Após o incêndio no circo, Francisco deixou a cidade em que estava – Peritoró, no Maranhão – e seguiu para Fortaleza, no Ceará. Ali, ele abandonou o nariz vermelho e a tradicional maquiagem de palhaço, vestiu roupas coloridas, botou uma peruca engraçada, e nasceu o palhaço Tiririca, do jeito que o Brasil inteiro mais tarde conheceu.
A política não era um desejo pessoal de Tiririca. Foi uma ideia do deputado Valdemar Costa Neto (SP), que imaginou conseguir, com a popularidade do palhaço, puxar votos para seu partido, o PR, e para outros candidatos. Se tal situação gerou uma desconfiança inicial quando Tiririca se tornou o deputado federal mais votado do país, isso não o intimidou. Aos poucos, ele foi encontrando seu nicho, exatamente no circo, a sua origem como artista popular.
Tiririca apresentou projetos de lei e empenha-se em outras iniciativas para direcionar recursos e ações para a atividade circense, que emprega no Brasil 30 mil pessoas diretamente e outras 120 mil indiretamente, por meio de 2,5 mil companhias. Um dos quatro projetos de lei apresentados por Tiririca visando à atividade circense prevê a criação de um programa de amparo social às pessoas que trabalham nos circos. A proposta garante a essas pessoas a inclusão na Lei Orgânica de Assistência Social. Na prática, assegura a elas o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS). Como essas pessoas não têm endereço fixo, o acesso é hoje dificultado.
Insone
Um dos 13 deputados que tiveram 100% de presença em 2011, de acordo com levantamento exclusivo do Congresso em Foco sobre a assiduidade dos parlamentares, Tiririca tem feito um esforço extra para garantir essa presença. Ele praticamente não dormiu desde que virou deputado.
Há três décadas, Tiririca adquiriu o hábito de trocar a noite pelo dia. Na época, ele precisava varar a madrugada vigiando seu circo. Na ocasião, ele conseguia dormir de dia, o que tornou-se impossível agora com sua nova rotina parlamentar. Assim, ele hoje só tem conseguido dormir duas horas por dia – das seis às oito da manhã. O restante do tempo, ele passa jogando videogame com o motorista de sua mulher, Nana Magalhães, e com seu filho, Antonio Everardo, de 16 anos.
“A política antes de Tiririca era uma coisa, tornou-se outra”, diz o deputado, numa autoavaliação. “As pessoas se veem em mim e pensam: ‘caramba, esse cara chegou lá, eu também posso chegar’.”
“Não prometi nada”, diz ele, a respeito da expectativa gerada quanto ao seu trabalho como deputado. “Se não cometer deslize ético, com o que tem aí, já está bom demais”.
A íntegra do perfil com Tiririca, assim como a sua entrevista exclusiva, você vai encontrar na edição número 2 da Revista Congresso em Foco.
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