O relator da CPI dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), admitiu que poderá pedir o indiciamento dos ex-ministros da Saúde Humberto Costa (PT) e Barjas Negri (PSDB) por envolvimento com a máfia dos sanguessugas.
Lando, que pretende apresentar o relatório final em 13 de dezembro, descartou a possibilidade de participação dos ex-ministros José Serra (PSDB) e Saraiva Felipe (PMDB) nas fraudes.
"Agora não tem nada contra o Serra e também não vejo nada contra o Saraiva Felipe", disse o relator. Dos quatro ex-ministros sob suspeita, apenas Serra não atendeu o convite da CPI para prestar esclarecimentos.
Os demais negaram qualquer participação no esquema, comandado pela família Vedoin, de Cuiabá, dona da Planam. O senador adiantou ainda que haverá poucas mudanças entre o relatório parcial, no qual apontou o envolvimento de 72 parlamentares com a máfia, e o que está finalizando. De acordo com o relator, não há mais tempo para novas investigações.
Calendário e pauta cheia desafiam CPI e Conselho de Ética
A um mês da conclusão dos seus trabalhos, a CPI dos Sanguessugas e o Conselho de Ética têm pela frente o desafio de conciliar uma pauta abundante com um calendário apertado. A CPI tem 206 requerimentos para votar até o dia 19 de dezembro, prazo para a entrega do relatório final.
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Nos requerimentos, os parlamentares pedem informações a órgãos públicos ou solicitam novos depoimentos. Apesar de alguns integrantes pedirem a prorrogação do prazo, ainda não há uma decisão definitiva sobre essa demanda.
Anteontem, por falta de quórum, a comissão cancelou uma reunião administrativa para votar alguns desses requerimentos de quebra de sigilos e de convocação para depoimentos.
"Estamos trabalhando continuamente e concluiremos o trabalho da melhor forma dentro do prazo estabelecido. Nós realizamos o objetivo, muito mais do que se imaginava, quando se criou a CPI, que era investigar o envolvimento de parlamentares com a compra superfaturada de ambulâncias", disse o relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO).
A situação não é mais animadora no Conselho de Ética, que, em tese, teria de ouvir 300 testemunhas até o final deste ano, em razão dos processos contra 67 deputados acusados de envolvimento no esquema da máfia dos sanguessugas.
Como a maioria desses parlamentares acusados não se reelegeu, os processos devem continuar no próximo ano somente para cinco: João Magalhães (PMDB-MG), Marcondes Gadelha (PSB-PB), Pedro Henry (PP-MT), Wellington Fagundes (PL-MT) e Wellington Roberto (PL-PB).
Dossiê: PF ainda não tem elementos para indiciar
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, a Polícia Federal diz ainda não ter elementos suficientes para indiciar os ex-petistas envolvidos na negociação do dossiê Vedoin. Segundo o repórter Maurício Simionato, tanto o delegado federal Diógenes Curado quanto o procurador da República Mário Lúcio Avelar avaliam que ainda há diversas situações a serem esclarecidas no caso.
A PF vai pedir à Justiça Federal que prorrogue as investigações, cujo término está previsto para o dia 26, por mais 30 dias. Há três semanas, a PF chegou a anunciar que poderia indiciar os envolvidos.
"Ainda não temos elementos suficientes para indiciar [os envolvidos]. Sem saber a origem do dinheiro, não temos como fechar o inquérito", disse Curado ontem, após uma reunião de uma hora e meia com Avelar na sede da PF em Cuiabá. "O caso é um quebra-cabeça", disse o procurador após deixar a PF.
Já o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI dos Sanguessugas, afirmou ontem que a PF deve concluir o inquérito afirmando que o R$ 1,75 milhão é proveniente de caixa dois da campanha do PT ao governo de São Paulo.
"A tendência é a investigação caminhar para a tese do caixa dois de campanha", afirmou Gabeira, que se reuniu anteontem com Curado em Cuiabá.
De acordo com o sub-relator, o delegado teria dado a entender que, caso seja aceita a tese do caixa dois, seria muito mais factível o dinheiro ter saído da campanha paulista do que da campanha nacional do PT.
A PF prendeu no dia 15 de setembro os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos em um hotel de São Paulo com o R$ 1,75 milhão. Os dois afirmaram à PF desconhecer a origem do dinheiro. O dinheiro seria usado para pagar Luiz Antonio Vedoin, organizador do dossiê e chefe da máfia dos sanguessugas.
O relatório parcial da PF apontou que a negociação foi comandada por Jorge Lorenzetti, ex-coordenador da área de análise de risco e mídia do comitê da campanha do presidente Lula à Presidência.
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