Uma semana após ameaçar deputadas em reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado Delegado Eder Mauro (PSD-PA) voltou a protagonizar um novo episódio de machismo. Durante as discussões da MP da privatização da Eletrobras, ele foi repreendido pela deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) por circular pelo plenário sem máscara, contrariando o protocolo sanitário.
Após Melchionna dizer que a bancada feminina não tinha medo dele e de relembrar declarações machistas ditas pelo colega, Eder Mauro voltou a provocar as mulheres. Ele disse que a fala da deputada “estava chata pra porra”. Chamado de machista, Eder Mauro retrucou: “Sou casado com uma mulher, não com uma barata. E sou filho de uma mãe, não de uma chocadeira. Não tenho medo de vocês, deputadas”. “Esse é o grande problema, aqui e nas comissões, eles [a oposição] tentam dominar tudo. Conseguem nos chamar de assassino, torturador, fascista, genocida e o cacete a quatro e temos que aceitar.”
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Eder Mauro falou após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), repreender os dois parlamentares. Melchionna cobrou do deputado que usasse a máscara e lembrou seu histórico de ataques às parlamentares, sobretudo de esquerda. Delegado da Polícia Civil, o paraense está em seu segundo mandato federal e responde a processo na Justiça pelo crime de tortura.
“Temos aqui o deputado Eder Mauro, acostumado a gritar, a desrespeitar as mulheres, a nos ameaçar. Mas esse cidadão nos ameaçou na CCJ. Disse, depois de se autodefender como assassino — todos sabem que já foi investigado como torturador —, disse que queria que não acordássemos”, afirmou a ex-líder do Psol. “As mulheres não se intimidarão. Não tenho medo do senhor, estou esperando o senhor falar na minha cara o que falou na comissão. Mas pia grosso quando está sozinho na Câmara, quando está na minha frente não tem coragem de me ameaçar. O senhor não mete medo nas mulheres brasileiras. E que o senhor saiba que nós exigimos respeito e máscara no plenário.
Arthur Lira determinou que as declarações de Fernanda Melchionna e Delegado Eder Mauro fossem excluídas das notas taquigráficas da sessão.
Em sua intervenção, Fernanda Melchionna fez referência à declaração feita pelo deputado paraense no último dia 12 na CCJ. Depois de tentar interromper as falas da deputada do Psol e de Maria do Rosário (PT-RS), ele lembrou que, como policial, já matou várias pessoas. “Pode se fazer de vítima, espernear, fazer o cacete nessa porra dessa sessão (…) E vou dizer mais, senhoras deputadas de esquerda: eu, infelizmente, já matei sim, não foi pouco, não, foi muita gente. Tudo bandido. Queria que estivessem aqui para discutir olho o olho. Vão dormir e esqueçam de acordar!”, disse o bolsonarista, que antes havia chamado Maria do Rosário de “Maria do Barraco”, em meio a protestos de deputadas.
“Matei mesmo, eram todos bandidos”, diz Eder Mauro a Glauber Braga