Renata Vilela*
Há bancos investindo pesadamente em comerciais de TV para dizer que garantem a segurança dos dados de seus clientes. Contudo, qual a motivação dessa ação milionária? Especialistas respondem: dados valem muito dinheiro e, segundo um deles, “podem render ainda mais dinheiro para quem os conhece”.
É nessa lógica que se insere o open banking. Um sistema que, de acordo com o Banco Central do Brasil, “é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente.”.
Contudo, o tratamento de diversos dados de milhões de pessoas que têm conta em bancos exige muita responsabilidade com os dados pessoais. No Brasil, a Dataprev e o Serpro – empresas públicas de tecnologia da informação – têm muitas das informações de cada cidadão.
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De acordo com especialistas das duas estatais, esses dados vão desde data de nascimento, até documentos pessoais, imóveis, informações jurídicas, biometria, entre outros.
Conforme explicam os especialistas, “todos esses dados estão guardados de forma segura e em território nacional nas bases de dados do Serpro e da Dataprev, empresas públicas de excelência que protegem esses dados e os utilizam apenas para gerar benefícios para a população brasileira”.
Entretanto, podendo até mesmo vir a facilitar o open banking, o governo brasileiro resolveu repassar a custódia desses dados para uma empresa privada, sem consultar os brasileiros. Segundo profissional da Dataprev, “é uma operação tão arriscada que nem o governo sequer sabe avaliar o real valor de venda desses dados”.
Quanto um banco pagaria para ter acesso aos dados que o governo possui dos cidadãos e das empresas brasileiras, enriquecendo a sua própria base de dados?
Sem a guarda adequada de todas essas informações, a sociedade fica à mercê de uma empresa cujo maior objetivo é o lucro, ao contrário da Dataprev e do Serpro. Com a desestatização dessas empresas, há a possibilidade de que o país fique sem rumo em meio às novidades tecnológicas atuais e as que virão.
*Renata Vilela, especial para a campanha Salve Seus Dados.
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