A menos de 200 dias do fim de seu mandato e com pesquisas que sugerem que não se reelegerá, o presidente Jair Bolsonaro (PL) intensificou a pressão pela privatização de estatais no Brasil.
A primeira foi a Eletrobras, que foi privatizada no último dia 13, por cerca de R$ 96,6 bilhões, ainda que o valor tenha sido contestado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em maio deste ano.
A segunda é a Petrobras. A estatal vem sofrendo uma forte campanha de difamação, que informa erroneamente que a empresa é a responsável pelos aumentos dos combustíveis, quando, na verdade, apenas cumpre a política de preços denominada PPI (Paridade de Preço de Importação) determinada pelo presidente da empresa, indicado por Bolsonaro. Ou seja, vale tudo para colocar a opinião pública contra a empresa. Mesmo que apenas 38% dos brasileiros sejam a favor da sua privatização, segundo pesquisa realizada pelo Ipesp, divulgada em 20 de maio.
Conforme explica a coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas, Rita Serrano, o sucateamento do serviço força a opinião pública contra a empresa e é utilizado como estratégia de privatização.
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“Isso mostra que, apesar do adiamento da privatização da Dataprev e do Serpro, conquistado após muita pressão de órgãos e entidades ligados à tecnologia e administração pública, muita coisa pode ser atropelada para atender a um governo”, aponta um funcionário do Serpro que prefere não se identificar.
Do mesmo modo, um especialista da Dataprev acredita que a recente privatização da Eletrobras e a campanha pela privatização da Petrobras representa um grande risco para a privatização da Dataprev e do Serpro, empresas públicas federais de tecnologia da informação. “Se a Eletrobras, que é uma empresa grande, antiga e conhecida pela população, foi privatizada pelo governo, mesmo após o apagão de quase um mês no Amapá, a Dataprev e o Serpro, que são menos conhecidas podem virar nota de rodapé nesse sistema, apesar de prestarem serviços fundamentais para o Brasil e para os brasileiros”, opina.
PublicidadeO funcionário da Dataprev se refere aos mais de cinco mil serviços prestados pelas duas empresas ao Estado, às empresas, aos cidadãos e à iniciativa privada. Todos esses serviços possibilitaram ao Brasil atingir 7º lugar no ranking do Banco Mundial em maturidade digital em todo o mundo.
Menos conhecidas, mas tão importantes quanto as grandes estatais, se a Dataprev e o Serpro forem privatizados nesses últimos seis meses de governo Bolsonaro, as consequências serão sentidas pelos brasileiros por longos anos.
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