Renata Vilela*
Há uma semana, o site do Ministério da Saúde e o sistema Conecte SUS saíram do ar. O fato aconteceu em meio a discussões sobre a obrigatoriedade de apresentação do passaporte de vacinação em locais e eventos e teve grande implicação para a população.
Qualquer site ou sistema é passível de invasões, contudo, para o Professor da Universidade Federal do ABC Sérgio Amadeu, a forma como essa invasão foi tratada é um dos maiores problemas da situação.
Até hoje, grande parte da população ainda não conseguiu reaver os comprovantes de vacinação por meio digital, e a sociedade ainda não sabe o que aconteceu. “Por se tratar de dados sensíveis, o Ministério da Saúde e o governo deveriam ser muito claros e transparentes e explicar para a população o que aconteceu”, afirmou Amadeu.
Conforme explica o professor, “ Em um primeiro momento, o Ministério da Saúde afirmou que foi um hacker que atacou um servidor. Porém, não me parece que tenha sido isso. A segunda versão apresentada, foi de um ataque de DNS”. Entretanto, o Amadeu prossegue, “Não há uma declaração consistente, uma mostra de que tipo de ataque ocorreu e qual o prejuízo de dados. E, para agravar a situação, a Autoridade Proteção de Dados não se manifestou”.
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A consequência dessa falta de transparência é a desconfiança de toda a sociedade, além dos prejuízos óbvios à população que necessita dos comprovantes de vacinação. “Essa postura confusa dos gestores da saúde, em especial de tecnologia da informação do Ministério da Saúde, gera suspeitas”, afirmou o professor que é pesquisador de redes digitais. Ainda segundo ele, as principais dúvidas hoje giram em torno da autoria e da motivação do ataque: Será que é um grupo de invasores antivacina? Será que contaram com o apoio do Ministério da Saúde?”.
Sérgio Amadeu afirmou que toda essa bagunça é fruto do sucateamento promovido nas áreas digitais do governo como forma de favorecer a privatização. Ele ainda cita a importância da Dataprev e do Serpro como guardiões dos dados dos brasileiros: “O Datasus colocar dados de saúde no Serpro e Dataprev não tem nenhum problema, desde que eles não sejam privatizados”. Amadeu se refere às duas empresas, pois ambas trabalham em um altíssimo nível de segurança e excelência, além de terem dados sensíveis de toda a população.
A conclusão do professor universitário é clara: “Quem deveria cuidar de dados de tamanha relevância são as empresas públicas de tecnologia da informação que temos atualmente no País”.
Os vídeos podem ser assistidos clicando aqui.
*Renata Vilela, especial para a campanha Salve Seus Dados
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