Frente ao aumento da inflação e à diminuição da massa salarial dos trabalhadores, num momento em que grande parte dos cidadãos está precisando de recursos, o Estado tem contado com a experiência e a expertise da Dataprev para desenvolver soluções que atendam às políticas públicas para socorrer a população.
Além do Auxílio Emergencial, que terá uma parcela retroativa paga em neste mês de abril, outros benefícios como aposentadoria, pensões, benefício de prestação continuada (BPC), licença-maternidade, auxílio doença, PIS/PASEP, também são processados pela Dataprev. A empresa pública, que tem 48 anos de existência, se orgulha de jamais ter atrasado sequer um pagamento, de ter implementado o Auxílio Emergencial em “regime de guerra” – mobilizando seus recursos para que o benefício fosse pago o mais rápido possível – e de processar o adiantamento do 13º salário dos aposentados desde o início da pandemia.
Porém, essa realidade pode estar em perigo, caso a privatização da Dataprev ocorra. Apesar de ter sido adiada para 2023, a operação de desestatização da empresa, desejada por Paulo Guedes, Ministro da Economia, coloca em risco a execução de políticas públicas voltadas aos cidadãos. Políticas essas que dependem dos modernos data centers, grande capacidade de processamento de dados e dos cerca de 3 mil funcionários, que por formação ou experiência – às vezes os dois -, sabem como poucos sobre como desenvolver ferramentas para a gestão do País.
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Conforme alertou Fausto Augusto Júnior, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), por causa dessa capacidade técnica, que alia estruturas físicas e funcionários extremamente preparados, a privatização da Dataprev e do Serpro poderia causar um apagão de dados no Brasil.
Ao imaginar um apagão de dados, o economista Sérgio Mendonça, diretor do Reconta aí, afirma: “Haveria um caos que dependeria do tempo de suspensão do serviço. Inclusive com impacto macroeconômico com queda da demanda agregada”. A descontinuidade dos serviços, que poderia se dar por um atraso no pagamento caso a Dataprev fosse privada, teria um impacto enorme para o País, mas seria devastadora para cerca de 35 milhões de brasileiros que recebem benefícios previdenciários, 6 milhões que solicitaram seguro-desemprego somente em 2021, 18 milhões que recebem Auxílio Brasil, 23 milhões que têm direito ao abono do PIS, entre outros que dependem dos benefícios processados pela empresa.
A vida dos brasileiros e o respeito à cidadania, em especial para aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social e econômica, passam pela manutenção da Dataprev e do Serpro como empresas públicas.
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