Mesmo em meio aos piores momentos da pandemia de covid-19, quando a prioridade dos funcionários da Dataprev – empresa pública de tecnologia da informação do Estado brasileiro – era processar o Auxílio Emergencial, a empresa conseguiu ainda evitar um prejuízo de R$ 47 bilhões ao governo federal.
Este valor é referente a pedidos de Auxílio Emergencial que não deveriam ter sido pagos pelo Estado, já que os solicitantes não atendiam aos requisitos definidos pelo governo para a obtenção do benefício.
O anúncio foi feito no último dia 5 pelo presidente da empresa, Gustavo Canuto, em entrevista à Voz do Brasil. Para efeito de comparação, o valor economizado representa cerca de 15 vezes o orçamento do Ministério do Meio Ambiente para 2022, que é de R$ 3,1 bilhões. Ou, reproduzindo o exemplo dado por Canuto na entrevista, o valor que deixou de ser gasto é três vezes maior do que o gasto com a transposição do Rio São Francisco.
Leia também
Partindo somente desta notícia, qual deveria ser o valor de venda da Dataprev em caso de privatização? Pela Eletrobras, por exemplo, o governo queria R$ 67 bilhões, os Correios chegaram a ser cotados por R$ 15 bilhões. Ou seja, somente o prejuízo que a Dataprev evitou pode corresponder ao preço de uma estatal.
Isso sem contabilizar todos os serviços que a empresa presta para o Estado e para a população, por exemplo o processamento do Auxílio Emergencial e das aposentadorias e pensões do INSS, e do valor que os bancos de dados da estatal poderiam alcançar.
Para além da questão do preço de venda a privatização, – algo que entidades ligadas à tecnologia da informação, segurança de dados pessoais, direitos humanos, entre outras não querem que aconteça – existe a questão do motivo da venda.
PublicidadeQual a finalidade de vender uma empresa pública que gera lucros, faz um trabalho de excelência para o Estado e para os cidadãos e ainda evita prejuízos ao erário público? Privatizações, desestatizações, concessões, entre outras mudanças precisam ser justificadas, afinal, se trata de um patrimônio da população e não apenas um patrimônio inerte, como um prédio. No caso da Dataprev e do Serpro, patrimônios que geram riqueza e lançam as bases para o futuro do País.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.