Pré-candidato pelo Novo à Presidência da República, o cientista político Luiz Felipe D’Ávila afirmou em entrevista ao Congresso em Foco Talk desta quinta-feira (3) que sua candidatura tem o propósito de combater o populismo, característica que ele associa ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula, os dois favoritos à disputa de outubro. Ele disse que, em um eventual segundo turno entre os dois, anulará o seu voto. “Eu não voto em populista. Os populistas enterraram esse país, estão colocando nossa democracia em risco. Nós temos que olhar para o problema como ele é”, declarou.
D’Ávila disse que é enganoso acreditar que Lula ou Bolsonaro possa tirar o país da crise econômica e política em que se encontra. “Vocês acham que algum desses dois candidatos vai melhorar a democracia no Brasil? Vai abrir a economia? Gerar renda emprego? Atrair investimento internacional? É um autoengano achar que qualquer um desses dois personagens vai tirar o Brasil da crise que se encontra. (…) Agora, quem quiser ficar no autoengano, que fique no autoengano.”
Para o pré-candidato, não haverá segundo turno entre os dois. “As pessoas querem alguém capaz de pacificar o país. Fazer o país voltar a respirar o diálogo, o entendimento, a tolerância. Se essa é a demanda do eleitor, como nós vamos ter dois polarizadores no segundo turno? Não é o que vai acontecer”, apontou.
Além de considerar que o comportamento do eleitor tende à uma terceira via, Felipe D’Ávila considera que as pesquisas eleitorais não levam em consideração a parcela de eleitores que ainda refletem sobre seu voto. “A esquerda tem entre 28% e 31% dos votos, esse é o voto do Lula. Se [nas pesquisas] ele tem 44%, a gente está dizendo que esse delta é das pessoas que falam ‘eu não quero Bolsonaro de jeito nenhum’. Essas pessoas buscam um candidato. (…) O Bolsonaro acredita na mesma história: ele acha que tem 24% dos votos, que vai para o segundo turno e que o antipetismo vai ser mais forte do que o apoio ao Lula”, argumentou.
D’Ávila foi entrevistado pelo fundador do Congresso em Foco, Sylvio Costa, e pela editora do Congresso em Foco Análise, Vanessa Lippelt.
O cientista político tem 58 anos, é formado pela Universidade Americana de Paris, mestre em administração pública pela Universidade de Harvard e coordenador do movimento Unidos pelo Brasil. Ele também é fundador do Centro de Liderança Pública (CLP), entidade responsável pela formação de líderes voltados para a implantação de políticas públicas.
No lançamento de sua pré-candidatura, em novembro do ano passado, D’Ávila defendeu a linha-mestra do partido de maior participação do mercado na economia, prometendo privatizar a Petrobras no primeiro dia de governo. “O Congresso saberá das nossas propostas no primeiro dia de governo”, disse. “O Congresso é sim, tocado, mas ele não avança nas reformas porque não há lideranças do governo”, afirmou. Em 2018, o Novo lançou o empresário João Amoêdo, que ficou na surpreendente quinta colocação, com mais de 2,6 milhões de votos no primeiro turno. Em crise interna no partido, Amoêdo declinou da candidatura este ano. D’Ávila assumiu a pré-candidatura com o discurso de unificar a legenda.
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